quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Guilherme de Almeida Prado

Diretor formado na prática, na Boca do Lixo, em São Paulo, onde foi assistente de direção de diversos filmes de cineastas como Ody Fraga, David Cardoso e Luiz Castellini.

Em 1995 dirigiu o curta-metragem "Glaura".


Tendo atuado no cinema, tanto em longa quanto em curta-metragem, qual é o paralelo que você localiza nestas duas frentes?
A principal vantagem do curta-metragem é a liberdade que se tem para experimentar e criar. Devia existir muito mais financiamento à fundo perdido para experimentação e criação em curta-metragem. O curta-metragem devia ser a ponta de lança dos filmes de risco.

Você acha que dá para contar uma história em tão pouco tempo de metragem?
Dizem que a única diferença entre um curta e um longa é que num curta você tem que vencer por nocaute e num longa você pode vencer por pontos.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Existem cineastas apenas de curta, mas são exceções. Não existem fontes de financiamento para um cineasta se manter como curta-metragista a vida toda, pelo menos no Brasil. Acho importante o curta como um dos possíveis trampolins para os longas.

Conte como foi filmar "GLAURA", seu processo de criação, produção e direção.
Glaura nasceu como episódio de um longa e acho que foi um dos meus filmes mais fáceis de fazer e criar. Tive imenso prazer em fazer este filme e foi um de meus maiores sucessos. Tive a idéia e escrevi o roteiro em menos de 10 horas e filmei num fim de semana com um elenco e uma equipe feita apenas de amigos. Acho que nunca quis fazer outro curta porque acho difícil conseguir repetir uma experiência tão feliz.

Pensa em fazer novamente um curta-metragem?
Não vejo sentido e voltar a fazer curtas, a não ser como parte de um projeto maior.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O espaço para artes em geral diminuiu ou se dividiu muito na mídia de jornal. Não acho que isso seja importante para o curta. O curta tem que ser de vanguarda e não existe espaço para cinema de vanguarda na mídia tradicional. A internet acredito que tem sido um novo veículo de vanguarda que precisa ser melhor explorado.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta foi e é importante em vários momentos cruciais da história do cinema brasileiro. No início do Cinema Novo, na renovação dos anos 80 e agora que enfrentamos o desafio de criar um cinema brasileiro para o século XXI, com a influencia de novas linguagens como o vídeo game e a internet.