quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Toni Venturi


Toni dirigiu o longa-metragem "Cabra-Cega".

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Muito grande. O curta é o berço da experimentação, o filtro dos talentos, o funil dos vocacionados, o caminho dos obstinados que um dia irão se tornar cineastas...

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Hoje em dia nos jornais há mais anúncios que matérias. Não há espaço para a verdadeira crítica nem do longa (só resenhas rasas), imagine o curta. Na telinha o curta tem uma janela razoável em programas de tv culturais e canais pagos. E na internet o curta também tem um espaço de destaque, principalmente como janela de exibição.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Eu conheci um só cineasa em minha vida que dizia que queria somente fazer curtas: Mario Kuperman. Abandonou a profissão, hoje vive no sítio, escrevendo. A questão não é ser ou não ser um trampolim. A questão é se tornar gente grande, profissional, viver da atividade. Como viver do cinema? É muito difícil sobreviver da realização de cinema, só da direção. A maioria dos cineastas trabalha paralelamente na academia ou na publicidade. E quem não trabalha numa área afins é rico, vive de renda, mas anda de jeans bem velho para não dar bandeira.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Em absoluto. Eu pelo menos tenho grande prazer em ver curtas. Mas ando achando os curtas muito caretas, muito certinhos, sem ousadia, nem de linguagem, nem de narrativa. Por isso, quando aparece algo diferente, se destaca, as atenções se voltam para o realizador. É a minha dica pra moçada: ousem, com inteligência e muita criatividade!

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não, estou muito envolvido com diversas produções (pessoais e profissionais). É uma pena, mas pensar em dirigir um curta hoje é uma utopia em minha vida.