quarta-feira, 8 de abril de 2009

Jarbas Capusso Filho

Jarbas é um roteirista e diretor de teatro.

Qual que é a sua opinião sobre o curta-metragem, você que é um cara mais ligado ao teatro?
Eu acho o curta-metragem, bom, posso falar de mim, que eu gosto de cinema, eu estou tentando fazer cinema, o curta-metragem é bacana porque é viável hoje em dia, você tem novas tecnologias para filmar, então você reúne a rapaziada. Foi meu caso, por exemplo, reunir os amigos, são técnicos, um que manja de luz, eu acho que o curta é realizável, vamos dizer assim, para um cara que nem eu, que não tem grana para filmar. Um longa-metragem para mim já é uma coisa distante, um curta eu já consigo realizar, junto a rapaziada, eu acho assim. E o curta, ele é bacana também para você exibir, é muito mais fácil, a gente já fez mostra aqui no Sátyros numa madrugada a gente exibiu 8 curtas entendeu, então eu acho que o grande barato do curta-metragem é ele ser viável hoje em dia economicamente.

O teatro tem textos longos, e dificilmente você vê uma peça com menos de 20 minutos que é o tempo de duração do curta. O curta tem um poder de síntese muito grande, como que você faz para se adaptar a essa linguagem?
Cara, ta aí uma pergunta enigmática, porque eu comecei no teatro então realmente eu estou acostumado a textos longos e aí eu parti para fazer o curta-metragem. Mas no meu caso foi assim, os meus dois primeiros curtas, foram documentários, então deu para ficar fora dessa coisa do teatro, não influiu tanto, agora o terceiro curta que é o “Desde o Fim até o Começo”, que é uma ficção mesmo, eu me adaptei...

Jarbas, fala um pouco sobre seus trabalhos com curta-metragem.
Eu comecei com curta-metragem, meu primeiro trabalho foi um documentário, que chama “Você Acredita em Quê?”. Onde eu saí às ruas perguntando para as pessoas no que elas acreditavam e onde tudo isso aqui ia dar, e eu tentei fazer essa pergunta para um público, vamos dizer assim, mais diferenciado, eu perguntei para moradores de rua, travestis. Vamos dizer assim, os excluídos, e foi muito bacana, porque eu imaginei que as pessoas podiam dar respostas: acredito no meu cartão de crédito, acredito no meu pai, acredito no meu amigo, mas a coisa se voltou muito para religião, e foi bem bacana. No segundo trabalho, o meu documentário, foi um trabalho que eu fiz com a Linise, que é presidente das mães da Praça da Sé, que é uma entidade que cuida de crianças desaparecidas, ela teve uma filha desaparecida há 13 anos atrás, uma filha de 12 anos, e a partir daí ela fundou essa entidade, são aquelas mulheres que ficam segurando cartazes com fotos nas escadarias da Sé, e eu fiz o documentário sobre ela, então eu peguei um dia dela, que é o domingo, que ela vai todo domingo na praça da Sé.
Eu filmei esse dia intercalado com algumas entrevistas e etc. O meu terceiro trabalho no cinema é um curta-metragem, minha primeira ficção que chama “Desde o Fim até o Começo”, é um filme que eu rodei com o Ivan Cabral, a Lilian Borges e o Gustavo Adares que fez fotografia, é um roteiro meu, junto com a Denise de Almeida e eu gostei muito, eu tenho alguns outros projetos na gaveta, mas por conta de grana, de tempo, e etc. por enquanto está na gaveta.

O curta ele é viável para fazer, mas ele é pouco acessível, diferentemente do longa-metragem, isso não causa uma certa frustração, de fazer um trabalho e ficar com um público seletivo?
Com certeza, né? Quando fazemos um trabalho desse a gente quer chegue a um grande público seria muito bacana. Por exemplo, os meus trabalhos eu ainda não coloquei em festivais por falta de grana mesmo, por exemplo, para escrever, mandar cópia e etc. então eu acho que é um grande problema esse, de você ter um público muito limitado no curta-metragem, então eu acho que deveria criar ferramentas, alguma parada assim, para que as pessoas tivessem mais acesso aos curtas, talvez em DVDs, locadoras mesmo, ou colocar um curta no inicio de cada longa no cinema, ou no próprio DVD de longa que a gente loca eu acho que podia colocar um curta, acho que alguma dessas paradas seria a solução.