quarta-feira, 15 de julho de 2009

Clarisse Abujamra

O primeiro contato de Clarisse com câmera de cinema foi em 1968 no filme ‘As Amorosas’, de Walter Hugo Khouri. Em 79, participou de ‘Gaijin’, de Tizuca Yamasaki. Mas, o seu mais importante trabalho foi no filme ‘Anjos do Arrabalde’, de Carlos Reichenback, que lhe rendeu o Prêmio Governador do Estado como a melhor atriz do ano de 1987.

O curta para uma atriz que está em televisão e está em teatro ele é pouco visto, pela pouca divulgação que tem na própria mídia e também nos cinemas e tudo mais, isso de certa forma chateia, porque para uma atriz ela quer ser vista por milhões de pessoas, ela quer ver seu trabalho amplificado, isso de certa forma te chateia para aceitar um convite, e o que te faz aceitar um convite para um curta?
Não me chateia em absoluto, me chateia usando essa palavra que você usou, num quadro geral da falta de divulgação que um artista não estou falando só de teatro, o interprete, todos ocupam um espaço mínimo dentro da mídia, isso é uma grande lástima, nesse sentido sim, quanto a atriz fazer, acho que todo o ator ou interprete, ele não perde a chance, nunca, de um personagem, é sempre o prazer, eu fiz só dois curtas para o pessoal de faculdade, etc, mas foi um prazer enorme porque é um exercício, cada veículo requer um tipo de preocupação, então você está sempre se exercitando, eu nunca penso nesse setor, talvez eu esteja até errada, mas quando me convidam para fazer se isso pintar na minha cabeça vai ser uma coisa bem depois, mas nunca é uma premissa, nunca é uma questão para dizer não, se vai ter divulgação ou não, porque eu estou nessa vida a muito tempo e eu sei como é.

O curta, algumas pessoas dizem que ele é o grande movimento do cinema, devido a muitos cineasta ou não cineastas fazerem curtas porque tem muita facilidade com a mídia tanto com celular, câmeras digitais e tudo mais e tem uma vazão para experimentação. Você acha que isso é o que instiga a um trabalho de curta? Porque a TV já tem um formato padrão, ao autor, a interprete e tudo mais.
Eu acho que sim, porque ele por si só, já abre uma certa facilidade e depois eu tenho uma fé muito grande nessa garotada que faz curtas ou não, que você vê que com certeza amanhã vai querer fazer um longa, por mais que ele se especialize, que seja só paixão o curta, fatalmente é um laboratório para ele encarar um longa metragem, ou mesmo se aperfeiçoar naquilo e conseguir uma síntese maravilhosa, eu acho o curta uma coisa super interessante e fértil, e agora com essa facilidade que está tendo agora de fazer, não estranho que ele ganhe um terreno maior.

Sobre o poder de síntese do curta, você acha que dá para contar uma história em tão pouco tempo de metragem?
Eu acabei de ler um conto e uma autora francesa, o livro é assim pequenininho, o texto é uma página, e ela cona tudo,daí cabe o saber fazer.

No seu trabalho, você que teve dois curtas , o modo de preparação para atuar em um curta é diferente de um filme, de uma novela ou de uma peça?
Não, obviamente a diferença é do modo interpretar, eu não vou interpretar no cinema da maneira que eu interpreto no palco, como nesse teatro que onde nós estamos agora aqui, esse palco tem 150 lugares eu não vou soltar a voz tanto quanto eu tivesse em um teatro com 700 lugares, então só nesse sentido que muda, e as vezes o curta tem uma certa liberdade para o interprete de voar um pouquinho mais, de prosperar mais com o diretor, as vezes é até mais fértil.

Você acha que o curta é um gênero menor dentro do cinema?
Não em absoluto, você pode ter um longa-metragem, eu sou fascinada pela competência, então se o cara é competente ele vai ser absolutamente maravilhoso, se ele for incompetente ele vai ser em um longa, em um curta, e no que ele quiser, e eu acho que ele é belíssimo.

Qual é o grande barato de curta-metragem, tanto o que te leva a assistir um curta, e qual que você acha que é o grande barato de um curta?
O que me excita num curta é que você vê a coisa da síntese do pensamento, o cara tem que ir na mosca, porque se ele não for ele está ferrado, esse talento de conseguir no curta-metragem uma idéia, isso me fascina.