quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Débora Falabella

Débora é uma das atrizes mais talentosas do teatro brasileiro. Sua marca é no teatro, mas aos poucos vai construindo uma importante trajetória no cinema.

Fale da sua trajetória no cinema especificamente com o curta-metragem.
Pois é, eu fiz um curta-metragem na minha vida. Mas esse curta-metragem que eu fiz foi essencial para todo o resto da minha história no cinema. O primeiro trabalho que eu fiz no cinema foi esse curta, de um mineiro chamado Rafael Conde, chamado “Françoise” (2001), e além de ter sido meu primeiro trabalho no cinema, foi uma história que me rendeu coisas que eu nem imaginava, porque o curta tem esse forma, até na maneira de ser lançado, as pessoas não assistem muito, porque não tem muito veículo para assistir. Às vezes é difícil você ir a um festival de curtas, então era um filme que tinha certa distância por isso, não era um filme que as pessoas assistiam. Só que ele foi para dois festivais, e eu acabei ganhando dois prêmios, foram os meus primeiros prêmios no cinema, e foi com esse curta, ele acabou sendo um cartão de visitas para mim maravilhoso, além de ser um curta muito bacana, ele acabou sendo um cartão de visitas muito bom para mim, para minha história no cinema. Porque quando um diretor de cinema vai escolher uma atriz para fazer um filme, ele quer ver o trabalho dessa atriz no cinema também, porque realmente é completamente diferente de fazer outras coisas, então para mim foi maravilhosa essa história, apesar de ter sido um só, ainda, foi uma história muito bacana.

E para se preparar para um papel de um curta é diferente de um papel de uma novela, de uma peça, de um longa?
O curta como tem um tempo de exibição, o tempo em que ele é feito geralmente é menor, talvez ele tenha uma intensidade maior, às vezes é tudo mais rápido, mas com uma intensidade grande. Por exemplo, o “Françoise” eu fiz em uma semana, no máximo. E a preparação eu trabalhei até mesmo com a Yara de Novaes, que é uma atriz que faz até a peça comigo hoje (A Serpente), já me dirigiu em outros trabalhos, e foi um trabalho muito legal, porque tinha o diretor, o Rafael Conde, mas ela fazia parte da direção dos atores, e da preparação.

O curta está bem à margem, tanto na imprensa quanto até das próprias pessoas do meio, porque ele não tem muita visibilidade. Isso de certa forma te chateia para aceitar futuras participações em um curta, ou o que te levaria a fazer um curta?
Primeiro, que eu acho que tem muitas pessoas, não só começando, mas que começam pelo curta, acho que a maioria delas, quando começam a trabalhar com cinema, ou dirigir cinema, começam pelo curta. Vários talentos já foram revelados, muitos deles. Acho que todo mundo começou a fazer cinema com o curta. Eu acho que é mesmo uma forma um pouco mais alternativa. Acho que hoje em dia ela tem um pouco mais de abertura, por ter uma televisão, que é o próprio Canal Brasil, que tem uma programação de curta, hoje em dia a internet ajuda muito nisso como o ‘Porta Curtas’. Eu só não aceito porque às vezes não tem, acho que principalmente pelas pessoas que trabalham com o curta às vezes são pessoas que estão começando ou que vão fazer um trabalho um pouco menor, muitas vezes não chegam até a mim. Às vezes não acham que eu vou aceitar fazer, e eu adoro fazer, principalmente por ser um trabalho que é viável para mim, mesmo no meio de um trabalho que o tempo é menor, eu adoro fazer. Sem contar que eu acho que é isso, você pode fazer um trabalho que é muito intenso num curto espaço de tempo, e acaba sendo muito marcante, que eu acho que é a característica do curta, ele contar uma história bem contada em vinte, quinze minutos.

Você é uma atriz que destoa dessa nova geração que vem surgindo por aí. Você pensa em um dia ir para trás das câmeras e produzir ou dirigir um curta, tem idéias, pensa nisso?
Eu penso, acho que dirigir até então eu não teria muita capacidade, teria que aprender pra caramba, é diferente, porque cinema você tem que saber muito da técnica, apesar de todos os filmes que eu faço,eu gostar dessa parte, observar, para mim ainda é muito difícil. Mas eu penso sim, talvez seja um futuro, igual hoje em dia eu posso produzir teatro, que é o caso do que eu estou fazendo agora, acho que um dia os atores, se eles tiverem vontade, eles podem produzir também cinema, por que não? Começando pelo curta.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ângelo Antônio

Ângelo foi protagonista do filme ‘2 Filhos de Francisco’, que conta a história de Zezé de Camargo e Luciano.

Qual é o seu método de preparação para um papel, quando você vai encarar um curta, difere quando você vai encarar uma peça de teatro, uma novela, um longa?
Eu acho que para preparar um personagem independe de que veículo que a gente vai usar, se vai ser cinema, se var ser teatro ou se vai ser televisão. A princípio, eu pego o texto e depois a partir do texto começo a construir o universo desse personagem, e a partir do universo que esse personagem tem, começo a pesquisar o que traz isso de fora, literatura que tenha a ver, filmes que tenha a ver, música que tenha a ver. Então independe de onde vai fazer. É claro que a realização depois da pesquisa desse personagem, desenvolver a linguagem é que vai modificar, o teatro tem uma qualidade com especificidade, na TV outro, no cinema outro.

Você acha que dá para contar uma história em tão pouco tempo de metragem?
Eu acho que dá sim, existem festivais de minuto, em um minuto você consegue contar uma história. Você tem condições de contar uma história a partir de um minuto. Acho que é bem possível sim. Eu fiz até documentários, fazendo câmera, editando, eu fiz documentários que tinham dezoito minutos, vinte e poucos minutos, e consegui contar a história, consegui dizer o que eu queria dizer, apesar de ser uma coisa minha, pessoal e amadora. Mandei para festivais, foi para festivais fora do Brasil. Mais eu acho que é possível sim.

Cada vez mais os atores estão indo para trás das câmeras para produzir filmes com barateamento de recursos, câmeras digitais e tudo mais. Você tem idéias de fazer um curta ou um filme talvez um dia?
Eu fiz esses documentários, tenho três documentários prontos, com luz e com legenda. Isso eu fiz desse jeito que eu estou te falando. Agora, pensar numa coisa mais profissional, dirigir, fazer um filme, não que não passe pela minha cabeça, acho que a gente vai envelhecendo, tem que abrir as possibilidades, mas acho que daqui a pouco eu vou amadurecer isso um pouco mais.

Qual que é o curta que fez a sua cabeça?
Não me lembro assim para te falar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Cléo De Páris

Cléo é uma das principais atrizes da nova geração do teatro e a grande musa dos Sátyros.

Qual é o grande barato de um curta-metragem?
Eu acho que uma qualidade especial de um curta-metragem é contar uma história rapidamente, e também como experimentação. Eu acho que todo grande diretor passou por uma experimentação bacana de curta-metragem que vai dando uma bagagem, e eu acho que é um terreno que a gente fica muito livre, ou deveria ficar, pelo menos, atores, diretores, para aproveitar para experimentar mesmo, para brincar, para ter coragem de fazer coisas que a gente não faria num projeto com muita grana, com muita responsabilidade. Eu acho mais bacana isso, quando pode se usar como experimentação mesmo.

O curta é considerado o grande movimento do cinema, porque ele tem um poder de experimentação que está um pouco longe dos cânones do cinemão. Isso para uma atriz favorece o que você tinha falado de experimentação, o que te leva a aceitar um papel no curta, é esse desafio?
Eu gostaria de ser mais desafiada pelos curtas-metragistas, eu quase não tenho aceito nenhum, eu sou chamada, também muitas coisas de estudantes, de faculdade de cinema, e não vejo problema nenhum nisso, faria como já fiz curtas de faculdade, coisas legais. Mas às vezes eu não vejo desafio no que eles me propõe, e eu penso que se eu fizer uma coisa boba, careta não vai acrescentar nada, aprender a gente sempre aprende, mas que eu acho que eu vou perder meu tempo, eu acabo não aceitando. Então fico um pouco chateada com isso, acho que as pessoas deveriam ousar mais. Você começou perguntando o que eu gosto, porque eu acho bacana fazer, é por isso, o poder que o curta tem de instigar em você uma ousadia.

Fala mais sobre a sua história no curta, os curtas que você fez e gravou.
Eu fiz mais em Porto Alegre quando eu morava lá. Eu fiz um que chamava “A Vida do Outro” que foi um trabalho de uns estudantes de jornalismo, que tinham uma parte da faculdade que era sobre cinema, daí eles fizeram o curta, e foi uma coisa assim, eu li, achei muito bacana a idéia, fiz teste, e fiz por isso, porque eu acreditei na idéia, comprei a idéia com eles. E eu acabei ganhando o Kikito de melhor atriz em Gramado. É por isso que eu falo, não acho que é para fazer um curta que um grande diretor me chamar para fazer, e não vou fazer um curta que um estudante me chame, não é? Quando a idéia é legal e você vê que a pessoa está empenhada, no meu caso eu aceito fazer. Então eu fiz esse curta, eu fiz mais alguns, eu fiz “Making”, eu fiz “Outros” que foi um curta que é num plano seqüência o filme inteiro, foi bem premiado. Não lembro agora de todos, nem foram tantos assim, mas aqui não trabalhei muito com cinema, nem curta-metragem, eu fiz um curta de um estudante de Piracicaba de Radio e TV, nem era cinema, mas eles trabalham bastante com isso. E foi bem legal de fazer.

Como é o seu método de preparo, você que trabalha com teatro, com cinema, curtas e tudo mais. Tem alguma diferença de preparação do papel para o curta em relação ao teatro?
Sempre depende do diretor, tem diretores que querer trabalhar muito e tem diretores que preferem não, acham que não precisa, enfim, fazer umas leituras, e vamos fazer o filme, nem isso, e tem diretor que é empenhado, faz o trabalho quase teatral de busca de personagem, de achar o clima da cena. Então é bem relativo. E eu também não acho que um método é melhor que o outro, acho que diferentes roteiros pedem diferentes metodologias.

Cada vez mais freqüente um ator ir para trás das câmeras e fazer um filme. Você pensa um dia, em gravar um curta, tem alguma idéia?
Dirigir? Não, pelo menos por enquanto não tenho essa pretensão, escrever acho que sim. Tenho idéias que talvez um dia virem algum roteiro enfim, talvez com colaboração de alguém que já tenha alguma experiência, mas dirigir, acho que não. A gente está querendo fazer, a gente fez o Sátyros educação, tem o infantil que a gente está fazendo nos Céu’s e agora vai estrear uma nova peça. E a gente pensa em fazer o Sátyros cinema, que seria outro segmento e daí investir nisso, tem várias pessoas no grupo que trabalham um pouco com cinema, que já fizeram coisas além de atuação, de direção, de fotografia enfim. E a gente está querendo entrar nesse terreno, pode ser que seja bem bacana.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Cássio Scapin


Cássio Scapin é ator e produtor de teatro, porém, seu trabalho mais conhecido é o personagem Nino do programa infantil da TV Cultura Castelo Rá Tim Bum.

Qual é o grande barato de um curta-metragem?
Olha, o curta-metragem eu acho que é o veículo de praticar o cinema de uma forma também artística, com propostas inovadoras que você pode ter um pouquinho mais da possibilidade de pirar, sem preocupação de um mercado comercial. E você pode exercitar um pouco mais a arte do cinema, eu acho que o curta dá essa possibilidade para quem trabalha, para quem faz curtas. O mercado do cinema para a gente ainda hoje, para execução, ele é muito difícil, o custo de uma produção de cinema é muito grande, então você tem grandes talentos que estão podendo exercitar a prática do cinema através do curta-metragem. Eu acho um grande barato, o curta-metragem dá essa possibilidade de um vôo criativo e bem amplo para o realizador, tanto para os atores que estão fazendo, quanto para a direção, enfim, para o pessoal de arte que pode inventar coisas, então eu acho bacana.

O curta está desprendido da pressão de mídia, de mercado mesmo, isso para o ator facilita? Porque o curta é considerado um grande movimento do cinema, justamente por uma dessas razões. Você acha que isso é o desafio que vocês aceitam ao fazer um curta? Porque ele é pouco visto...
Pois é, para gente o curta, claro que a gente entende essa questão quer é muito desvinculado da grande mídia, mas é um exercício de cinema. Então você tem contato, de falar com o diretor novo, com o pensamento novo, com uma proposta nova de cinema, com uma visão nova sobre o mundo. O cinema ajuda a ter esse olhar amplo sobre a realidade. Então é muito bacana a gente fazer, muitas vezes agente faz curta sem nenhuma grana, sem nenhum dinheiro, pelo simples prazer do exercício do cinema. Eu acredito nisso, é um intercâmbio muito positivo para o ator, e para o diretor que está se propondo a fazer um curta, e você poder participar de um filme assim, com essa definição que tem o curta metragem.

E o modo de preparação para um papel no curta, ele difere de outras artes, do teatro, de uma novela, de um longa?
Claro que difere, isso é um pouco relativo, às vezes para um curta você tem um tempo de preparação antes de entrar num set de filmagem muito maior, você tem a possibilidade de discutir muito mais amplamente com o diretor por não ter as necessidades mercadológicas que um longa exige. Então quando você vai fazer um curta, o teu trabalho como ator acaba sendo muito mais artesanal e de um determinado ponto de vista, você muito mais dono do seu trabalho. Você também fazer um trabalho muito mais autoral em um curta metragem, porque você tem um contato com o diretor muito mais próximo, é muito pela própria característica do filme, de ser um curta-metragem, as vezes um tempo de preparação muito maior, a gente ensaia bastante o curta-metragem, nos curtas que eu participei agente acaba ensaiando o filme muito mais vezes do que quando você faz um longa, porque você tem a preocupação com a diária da produção, com a diária técnica muito maior. Como o custo dos próprios atores, porque quando você vai fazer um curta-metragem você já entra numa perspectiva muito mais profissional e a tua relação com o trabalho também acaba sendo um pouco diferenciada pelas próprias questões que exigem este tipo de postura que exige esse mercado. Então quando você está fazendo o curta-metragem você passa a ser mais parceiro da criação do personagem e do trabalho com o diretor.

Eu sei que é difícil destacar um ou outro curta que você tenha participado que pudesse indicar para as pessoas que estão vendo a entrevista, mas qual que você destaca, indica, um que marcou?
Eu fiz um curta com a Laís Bodansky, chamado “Cachorros me Mordam”, um dos primeiros curtas da Laís. Eu fiz “Até a Eternidade” que é um curta bacana, que é uma direção do Luis Villaça com a Denise Fraga, eu acho que eu destaco esses que são super legais.

Você pensa um dia de ir para trás das câmeras e produzir um curta. Tem idéias?
É claro que eu tenho, eu tenho fascínio por cinema, eu tenho muitos pequenos roteirinhos escritos, de idéias possíveis para que se fizesse um curta, inclusive tem um programa que eu acho que passa na Sony que chama 48 horas, que eles tem 48 horas para fazer um curta-metragem, eu acompanho e acho muito interessante essa proposta de mostrar através da televisão os bastidores de um possível curta, as dificuldades, como se executa a produção de um curta. Eu tenho muita vontade de ir para trás e começar experimentar essa linguagem diferenciada, porque eu sou muito mais um ator de teatro, mais do que televisão eu sou um ator de teatro, então eu tenho muita vontade de experimentar, ir atrás das câmeras e botar a mão em um curta.