segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Amir Labaki



Amir Labaki é o fundador e diretor do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários. Labaki foi ainda por duas vezes diretor técnico do Museu da Imagem e do Som da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo (1993-1995, 2003-2005). Labaki é membro do “board” do Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, Holanda, o principal evento mundial dedicado ao gênero. Foi membro suplente do Conselho Superior de Cinema da Presidência da República (2004-05).

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem para o cinema brasileiro?
Imensa, assim como para o cinema de um modo geral. É o espaço mais livre para experimentação de linguagem. O curta é muito mais que um formato de iniciação. É um formato de criação, de inovação.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O curta está fora do grande mercado cultural, que é a origem prioritárias das pautas jornalísticas. É pena. Lembro que nos final dos anos 80 assinei uma coluna semanal de crítica de curtas na "Folha" e cobri por anos regularmente o formato. A atenção hoje parece restrita a revistas de cinema online, com um outro comentário excepcional durante festivais.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Não é comum mas existem sim cineastas de formatos curtos assim como a escritores que essencialmente são contistas. Entre os contemporâneos, lembro por exemplo o austríaco Martin Arnold e o alemão Matthias Mueller.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas, atores e/ou atrizes?
Não, não creio. Ao contrário. O curta me parece tradicionalmente tratado com generosidade e respeito por intérpretes, técnicos e cineastas em geral. É um formato, digamos, "cult".

Qual é a contribuição do ‘É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários’ para a divulgação e valorização do curta-metragem? Há planos de abrir mais frentes para o curta dentro do festival?
O festival mantém duas competições específicas para curtas-metragens, brasileiros e internacionais, e apóia duas premiações paralelas específicas para o formato, do Canal Brasil e da ABD-SP. Curtas são ainda selecionados regularmente para mostras paralelas e aparecem com destaque em retrospectivas, como a do documentário experimental brasileiro que realizamos em 2008. Além disso, procuro exibir regulamente documentários curtos em meu programa semanal no Canal Brasil, aos sábados às 21h.

Há muitos festivais de cinema no país e no mundo. Qual é a sua opinião a respeito da proliferação destes festivais?
Há festivais e festivais. Aqueles com real importância nacional e mesmo internacional e outros com relevância sobretudo local; aqueles que se solidificaram com o tempo e outros que surgem e desaparecem pois originados em razões efêmeras como cálculo político. Vejo a proliferação como um fenômeno não exclusivamente brasileiro, mas internacional. O circuito de festivais substituiu parcialmente o antigo circuito de cineclubes e de salas de cinema de artes, que fecharam nas últimas décadas.

O senhor trabalhou no Museu da Imagem e do Som. Quais as preciosidades (curtas) que encontrou no acervo?
Dirigi por duas vezes o MIS de São Paulo, entre meados de 1993 e início de 1995 e meados de 2003 e começo de 2005. O principal do acervo de curtas é a coleção histórica dos curtas-metragens realizados devido ao Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. A história do cinema paulista e brasileiro passa por ali.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Realizo no momento um perfil curto do documentarista paraibano Linduarte Noronha.

Qual é o seu próximo projeto?
É Tudo Verdade 2009/Lado B.