segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Felipe Kannenberg



Felipe Kannenberg atuou em filmes como ‘A Mulher Invisível’, ‘Olga’, entre outros. Dirigiu o curta ‘9 minutos’.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Vejo o curta-metragem de suma importância em nosso cinema. Obviamente por poder ser um preparo para o longa-metragem. Mas, principalmente, pela possibilidade de se contar muito em pouco tempo. E pela quantidade numérica de obras e a diversidade que isso traz. O experimentalismo é amigo do curta.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Bem, acredito que a pouca procura em geral por curtas tem muito a ver com isso. Afinal, poucas são as possibilidades de se ver curtas em nossa cultura ‘popular’. Os horários na televisão são tardios e em canais pouco vistos pelo grande publico. Nos cinemas, festivais e poucas iniciativas de horários únicos. Mas, os curtas não tem espaço na mídia porque não tem grande espaço de veiculação, ou não tem espaços de exibição porque não tem espaço na mídia... Difícil dizer. Ainda assim, quando dentro de eventos cinematográficos, os curtas acabam por ter atenção de critica em comentários na imprensa.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acredito que sim. Que tudo se deve a uma questão de escolha. Claro, os curtas por vezes são o aprendizado pratico para o longa. Depende do que se quer. Ainda que restrito, o curta tem seu espaço, principalmente em festivais.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Uma boa opção seria a exibição de ao menos um curta antes de um longa. Se podemos ver 15 minutos de propagandas e trailers, claro que um curta cai bem.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não creio, ate porque quase todo cineasta passou pelos curta-metragens. Eles são a janela, um belo cartão de visitas de todo cineasta.

O que te faz aceitar um convite para atuar em curtas?
O mesmo que para um longa: uma boa historia, principalmente um roteiro bem desenvolvido, as vezes as pessoas envolvidas.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Já dirigi um. Um boa e difícil experiência. Infelizmente, não pude levá-lo a publico por questões de produção. Mas, sim, quero e vou dirigir outros. O primeiro já tem roteiro pronto e esta em fase de pré-produção. Espero poder viabilizá-lo ainda este ano.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mauricio Arruda



Mauricio dirige o programa "Altas Horas", da Rede Globo e escreveu o roteiro do filme ‘Soberano’, sobre os seis títulos brasileiros do São Paulo Futebol Clube.

Fez história ao ser indicado ao Oscar 2001 como melhor curta-metragem de ficção.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta-metragem não é só coadjuvante, mas personagem principal do cinema brasileiro. Basta citar duas obras-primas do gênero: “Ilha das Flores”, do Jorge Furtado e “Garota das Telas”, do Cao Hambúrguer

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque raramente entram em cartaz nos cinemas e tem poucos locais de exibição.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Imagino que todo curta-metragista tenha vontade de fazer um longa. O desafio é maior. Mas todo diretor de longa deveria começar com curtas.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não creio que seja marginalizado. Mas os longas têm mais repercussão e recursos.

Você disputou o Oscar de 2001 com o roteiro do curta-metragem “Uma História de Futebol”. Qual foi o mérito do roteiro para chegar a essa disputa?
É impossível um bom diretor salvar um roteiro ruim. E considero “Uma História de Futebol” um bom filme. Então acho que eu e o José Roberto Torero, que fizemos o roteiro, temos méritos.

Depois desse projeto citado acima, você não trabalhou mais com curta-metragem? Por que?
Eu escrevi durante quase dez anos o quadro “Retrato Falado”, do Fantástico, com a Denise Fraga. Foram dezenas de histórias de, no máximo, doze minutos. De certa forma são curtas-metragem, com diferentes histórias, conflitos e atores. No cinema não recebi convites para escrever curtas, mas gostaria de fazer outros.

Na sua opinião, qual a diferença em trabalhar em longas e em curtas?
Principalmente o tempo! Meu último roteiro de longa levou mais de dois anos para ser feito!

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Hoje não penso nisso. Quem sabe no futuro distante...

Qual é o seu próximo projeto?
Eu fui roteirista dos filmes “Contador de Histórias”, do Luiz Villaça, que vai ser lançado em agosto de 2009 e o “Amanhã Nunca Mais”, do Tadeu Jungle, que está sendo filmado. Também dirijo o Altas Horas, da TV Globo, e estou escrevendo e vou dirigir com o Carlos Nader o filme “Soberano”, sobre os seis títulos brasileiros do São Paulo Futebol Clube.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Bianca Rinaldi



Bianca Rinaldi foi protagonista da telenovela "Escrava Isaura" (TV Record).

O que te faz aceitar participar de uma produção em curta-metragem?
Eu não participei de nenhum curta, ainda. Mas estou totalmente aberta para futuras participações. As histórias sendo contadas em tão pouco tempo e sempre sendo marcantes. Ou pelo drama ou pela comédia, qualquer que seja o tema e o tipo do curta, sempre são marcantes.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que não tem o espaço que deveriam. Estamos no Brasil, infelizmente uma pequena parte valoriza verdadeiramente a arte, o bom produto. Com isso somente poucas pessoas tem a oportunidade de se divertir e aprender com os curtas.

Como deveria ser a exibição de curtas para atrair mais público?
Na minha humilde opinião, o tempo de exibição deveria ser maior e em mais cinemas. Deveriam exibir em todas as escolas para que as crianças e adolescentes tenham conhecimento e o habito de assistir, entender e apreciar os curtas.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Eu acho que tudo é possível. Basta a pessoa querer. Mas também acredito que quem faz um curta, geralmente deve pensar em fazer um longa, são os desafios da profissão.

Principalmente se for um novo cineasta que almeja o crescimento profissional.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Desculpe, mas não tenho tanto conhecimento para responder essa questão, quero acreditar que não. Seria terrível pensar que entre os próprios profissionais tem esse preconceito. Ainda mais por um produto em que a maioria dos cineastas já fizeram. E que inclusive, começaram a carreira fazendo curtas.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Já tenho umas ideias prontas, agora é só questão de tempo.

Qual é o seu próximo projeto?
Dar a luz a duas preciosidades, minhas filhas. Tenho um projeto para o cinema que está em andamento.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Evelyn Ligocki



Evelyn é atriz e diretora de teatro. Além de dar aulas, atuou em curtas.

O que te faz aceitar convites para atuar em curtas?
Quando eu aceito trabalhar em algum projeto independente de ser um espetáculo, um curta, um trabalho de produção...ele deve fazer algum sentido para mim e isso é muito particular de cada projeto. No caso de um curta, é claro que a primeira coisa que gera interesse em mim é o roteiro, mas isso não é determinante para entrar em um projeto, saber com quem se está trabalhando, conhecer um pouco os artistas com que vai trocar, e suas idéias é muito significativo em qualquer escolha pra mim. É desse encontro que será construído o projeto proposto e suas qualidades, linguagem e resultados estéticos. Aceitar com “o quê” e com quem será realizado esse encontro é definitivo pra eu querer e me dedicar na realização de qualquer trabalho artístico.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Eu não tenho experiência suficiente em curtas pra responder essa pergunta de forma eficiente. Desconfio que possa existir um certo preconceito, a idéia errônea de "um gênero menor", falo isso porque já ouvi esse tipo de "reclamação" de pessoas que trabalham com curtas, mas não tenho conhecimento maior pra falar nada além disso.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho que é possível sim, se essa for uma escolha do artista. Por que não? Não há nada de errado nisso, pode existir um artista que queira trabalhar somente com esse gênero e fazer maravilhas com ele. Inclusive acho que isso geraria uma especialização e que seria quase natural que o trabalho desse artista fosse muito bom. Sobre o curta ser "sempre" um trampolim para fazer um longa, pode ser ou não, isso depende da trajetória do artista. O que sei que acontece muito são cineastas que trabalham com curtas e depois de um tempo querem fazer algo "maior"(no sentido de tempo) e partem para o longa. Acho que poderia fazer uma comparação com um escritor que começa escrevendo contos e um dia resolve escrever um livro. Não acho que o conto é "menos importante" do que o livro são gêneros diferentes, cada um com suas especificidades e belezas próprias.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas, atores e/ou atrizes?
Como eu estava falando na pergunta anterior, acredito que possa existir um preconceito que parte de uma comparação com os longas. Eu não tenho, como já disse anteriormente experiência pra falar disso, mas todo tipo de preconceito pra mim é burro, e conseqüentemente todo preconceituoso não é digno de atenção e sim de um enfrentamento. Esse enfrentamento pra mim (no caso dos curtas) é simplesmente se continuar realizando e acreditando nos projetos. E isso já se faz há bastante tempo...e que gastemos tempo com o que acreditamos sem dar muita abertura para o que vai contra isso, não é? Ou melhor ainda que isso seja mais um estímulo para não deixar que os projetos sucumbam por motivos tão pequenos...

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso em projetos de cinema, penso sim em um roteiro, mas dirigí-lo seria, agora, dar "um passo maior do que a perna". Agora quero atuar neles. Estou muito interessada agora em trabalhar com linguagens de vídeo, cinema e TV. Em Porto Alegre gravei um documentário da RBS TV sobre a obra do Érico chamado “Erico Veríssimo: Memórias de um escritor”, com direção de Rafael Figueiredo e roteiro de Cristina Gomes, no qual interpretei Ana Terra,foi uma ótima experiência, mas depois me dediquei somente ao teatro. Em São Paulo tive duas experiências muito significativas nos últimos dois anos. No ano de 2007 conheci René Guerra, um diretor recém formado na FAAP, mas de uma dedicação e sensibilidade criativa encantadora. Ele assistiu o meu solo "Borboletas de Sol de Asas Magoadas" (no qual interpreto uma travesti), na época em cartaz no Sesc Avenida Paulista e me convidou para estar presente durante as gravações do curta "Os Sapatos de Aristeu". Ele gostou muito do meu espetáculo e encontrou nele algumas referências para o curta, que tem alguns pontos que se encontra com meu solo. No curta ele trabalhou com travestis "de verdade" e achou que seria interessante estarmos juntos devido à minha pesquisa feita com as travestis. Em algumas cenas a minha personagem do espetáculo estava presente, ela era amiga das personagens (travestis reais) e em outros momentos eu estava junto só observando e às vezes tecendo algum comentário. Pra mim foi uma experiência rica em vários sentidos e uma forma de me aproximar dessa linguagem, foi uma retroalimentação entre artistas. No final de 2008 gravei a minissérie "Além do Horizonte", do Projeto Dramaturgias da TV Cultura e foi um aprendizado muito grande como atriz, uma linguagem nova pra mim, e a partir dessa experiência fiquei com muita vontade de aprender mais, também como “trocar” com a câmera. Estou com quase treze anos de teatro e quero agora utilizar toda essa minha experiência como atriz também em novas linguagens. As sutilezas da câmera sempre me seduziram e agora eu me deixei apaixonar por elas...(risos).

Qual é o seu próximo projeto?
Vou gravar um curta ainda nesse semestre chamado "Transvegetable", do diretor Bruno Della Latta, produzido pela produtora KNS. Ainda estamos em processo de pré-produção, mas estou bastante empolgada. O roteiro é bem interessante, me fez refletir através da história principalmente como alguns encontros em nossas vidas, encontros rápidos às vezes, nos modificam profundamente. E como algumas pessoas deixam um pouco delas dentro de nós, nos transformando um pouco nelas também.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sibélius Olivério



Sibélius é cinéfilo, formado em Direito, é Oficial de Registro de Imóveis e é natural de Batatais-SP. Depois de dirigir alguns curtas, prepara sua incursão ao longa-metragem.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Muita importância, tendo em vista que a maioria dos grandes cineastas brasileiros começaram realizando curta-metragem, como, Glauber Rocha, Arnaldo Jabor (é notável o seu curta “O circo”), Jorge Furtado e outros.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Primeiro, entendem que se trata de um produto menor. Mas acho que o que prevalece é o interesse comercial dos filmes de longa-metragem, restando mínimo espaço para os curtas. Mas na televisão já está havendo um maior espaço aos mesmos, especialmente na TV cultural, mas o correto é que todos os canais de TV deveriam abrir espaços para os curtas. É necessário que a legislação dê aos curtas, a importância que eles têm. Com certeza seriam bons antídotos contra a imensa boçalidade que virou a televisão brasileira, atual, especialmente no setor de novelas e humorismo. Lastimável.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Primeiramente espaço obrigatório nos canais de televisão, em horários acessíveis ao grande público. Mais festivais de curtas também seria muito bom. E também a exibição nos cinemas, no inicio das sessões, como era feito antigamente. Mas não somente filmes documentários ou institucionais, mas sim, filmes de ficção. A internet é excelente meio de divulgação, mas ali predomina a banalização de tudo. Mas é válido tentar colocar ali um bom curta no meio de tanta boçalidade.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Possível até é, mas acho difícil. Depois que fez seu primeiro ou segundo curta-metragem, o realizador quer realizar um longa. E muitas vezes ele tem e inicia um projeto de curta ou média que no decorrer do roteiro acaba se tornando um longa-metragem, pois, não raro, novas ideias vão se incorporando àquele projeto original e o filme vai tomando novos rumos chegando ao longa-metragem.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não, os cineastas em geral não marginalizam o curta e muitas vezes são solidários ao estreante ou àquele que está realizando o curta.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso, mas existem dois roteiros em média-metragem que também merecem saltar do papel para a tela, um deles um excelente argumento e roteiro do Rubens Francisco Lucchetti, meu amigo, e lendário colaborador de Zé Mojica Marins (Zé do Caixão) nos filmes iniciais, e principais de José Mojica.

Qual é o seu próximo projeto?
Estou enviando o roteiro de um longa-metragem, argumento meu e roteiro em colaboração com o Lucchetti, para conseguir recursos através da Lei do Audiovisual e tentar realizar no próximo ano. O tema é forte, já está registrado o argumento, chama-se “Tem Dia que é Noite”, fala de um homem que foi preso injustamente, acusado de assassinato, e quando o verdadeiro criminoso se apresenta, 16 anos após o crime, ele é solto e retorna à sua cidadezinha natal, em busca de um sentido para a vida e talvez da vingança, pois, na realidade, sabe-se que o criminoso continua livre. Não tendo mais nenhum parente na cidade ele se hospeda no imenso e velho hotel do local e ali conhece Jacky, jovem que ali reside há 3 anos e começam uma relação forte e inconstante. Paralelamente ele procura a ex-namorada do passado, hoje ligada a um ator de teatro mambembe do interior. Trata-se de um filme sobre a inconstância, sentimentos, sobre os temas da vingança e do amor. Vou aguardar que tudo dê certo, e meus atores preferidos para os papéis são Alexandre Borges, Juliana Didone e Othon Bastos, além de David Cardoso em um papel duplo no final inesperado.