sábado, 7 de maio de 2011

Ruth Albuquerque



Ruth é Superintendente de Registro da Ancine (Agência Nacional do Cinema).

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta-metragem foi um meio do jovem, ou do aspirante a cineasta, apresentar seus primeiros trabalhos. E também o de exercitar novas linguagens. Isso não significa que é mais fácil fazer um curta. Mas sim que o investimento na produção pode ser bem menor do que o exigido para um longa-metragem. O que permite o aprendizado e a dominação da linguagem e técnicas do audiovisual para um número maior de pessoas, do que seria possível se todos dependessem de um longa para dar início a suas carreiras profissionais.
E isso se dá em todos os países, não apenas no Brasil.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Atualmente esse cenário já sofreu alguma alteração. A própria televisão iniciou uma transformação de comportamento em relação ao curta. E os festivais também contribuíram para uma visão mais correta sobre a importância dessas obras de menor duração. Temos, agora, espaços, críticos e mídia especializados dedicados aos curtas. E esses curtas não são apenas os chamados "filmes", mas abrangem "vídeos" e assemelhados, graças às novas tecnologias. Por outro lado, não podemos desconhecer o fato de que os jornais e os críticos são centrados nos elementos de maior peso na economia esse comportamento exclui, também, muitas obras de longa-metragem, que são o filão comercial da atividade exibidora.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
A televisão e a internet me parecem os veículos de maior sensibilidade para a exibição de curtas. O próprio dinamismo exigido pelo público desses dois veículos melhor se coaduna com o curta-metragem, com a diversidade dos temas, linguagens e técnicas dessas obras.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Técnica e artisticamente sim, pois pode ser uma opção do cineasta. Mas economicamente é inviável, não se torna fonte de sustento profissional. O que, aliás, é bem difícil, mesmo com os longa-metragens, pela atual situação do mercado.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não é marginalizado, absolutamente. Apensas é encarado como uma obra que sofre maiores dificuldades de acesso ao mercado.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não sou diretora, apenas produtora. Mas penso, regularmente, em histórias que dariam curtas bem atraentes. E sou fã dos curtas. Temos obras belíssimas, de diferentes temas, estilos e técnicas.