terça-feira, 30 de agosto de 2011

Kity Feo



Assistente de direção. Seus últimos trabalhos foram com José Eduardo Belmonte, em ‘Billi Pig’,‘O Palhaço’, do Selton Mello e ‘Corda Bamba’ do Ugo Giorgetti. 

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro? 
Qualquer história precisa de um bom contador de histórias, para que esta seja ouvida. No caso do cinema, a história é estabelecida por um roteiro, e o contador de histórias está na figura do diretor. Se você tem um bom roteiro, e um astuto contador de histórias, você tem um bom filme. Matemática pura. 

O cinema brasileiro tem ótimos contadores de histórias. E não necessariamente, os que sabem brincar com os contos, são os que sabem brincar com os romances. 

O formato de curta-metragem no cinema nacional tem sido muito usado para experimentar e aperfeiçoar a linguagem por ser mais barato, e conseqüentemente estas experiências, tem servido de exercício e preparação para um longa. Mas, eu particularmente, acredito que o curta se sustente sozinho. É um formato simpático, que deveria ser mais aproveitado para os que sabem contar curtas histórias. 

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral? 
Os curtas-metragens recebem alguma atenção da mídia, quando estão em festivais. E bastante atenção, quando ganham algum prêmio. Por este motivo, os curtas acabam tendo como o objetivo supremo ir para festivais, que é onde eles mais conseguem ser projetados. Existem filmes, como o premiado "Ilha das Flores", do Jorge Furtado, que roda o mundo há anos. Tem vida própria de tão conhecido. 

Acredito, que se os curtas-metragistas assumissem que o que fazem não é um caminho para se fazer um longa, dariam mais crédito e sentido ao seu próprio trabalho. E conseqüentemente seriam mais respeitados. 

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público? 
Assim como um dia, conseguiu espaço e respeito suado nas últimas décadas, o longa-metragem teve leis que o defendiam na exibição, acredito que uma boa maneira de sustentar o curta, é fazer o mesmo. 

Vejo futuro para o curta. Com a chegada do cinema digital, o processo ficou muito mais acessível, provocando nas pessoas uma vontade de contar suas histórias, que somada a força da internet, fica mais fácil de mostrar ao mundo seu pequeno conto. Acho difícil uma pessoa sair de casa para assistir um curta. Demora mais tempo para a pessoa chegar no cinema, do que o tempo que ela fica sentada na poltrona. Então, ou ele cria um vínculo com seus irmãos maiores, ou continuará sendo o rei dos festivais e ponto. 

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa... 
Sem dúvida. Como disse antes, assim como bons contistas não necessariamente são bons romancistas, seguramente você pode ser bom em contar curtas histórias, e não ter tanta habilidade de contar as longas. 

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas? 
Marginalizado não. Mas, é como um irmão caçula que ainda não conseguiu o seu espaço, e ainda precisa do seu irmão mais velho, para os outros ouvirem. Mas, um dia o caçula cresce. 

Pensa em dirigir um curta futuramente? 
Penso que como Primeira Assistente de Direção tenho muito trabalho pela frente. E não uso este posto, para pensar em dirigir. Enquanto estiver exercendo este cargo, farei o meu melhor, respeitando essa profissão, para acreditarem cada vez mais na importância dessa função.  Sim, Rafael, eu penso em dirigir. :-) Mas, aqui onde estou, não estou de passagem. Entenderam curtas-metragistas?!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

EU CURTO - Kassandra Speltri


TRIPULANTE

“Tripulante” me trouxe pra dentro de mim mesma, essa coisa de despedidas… 

Todos os dias nos despedimos de alguma coisa, importante ou não elas já são apenas fragmentos da memória. 

Hoje me despeço da minha cidade, da minha casa, amigos, família e a sensação é a essa… matei meu passado e todos os demônios que moravam lá. 

“Tudo que ele sabia fazer era me transformar em um número de um de seus contos de magia e maravilha”. 

Sim, lembranças viram números, fragmentos que povoam o vazio que hoje é minha casa, era minha casa e hoje são apenas imagens e sons que me esforço pra guardar na memória, hoje tudo vazio lá mas tudo intacto no pensamento como se pudesse retornar, mas é inútil retornar agora, impossível…aquele amor já não está mais lá daquele jeito, mas ainda existe e luta pra se transformar em alguma coisa que a lembrança do que ainda está por vir não permite a concretização dele. 

Mas como dizia Machado de Assis, são os “olhos do delírio” que nos permitem conjecturar na memória lembranças de um futuro onde supostamente temos poder de decisão sobre tudo e todos. 

“Um peixe alucinado que tenta tirar seu fôlego da carne do ar e não há ninguém ali pra escutar sua morte no meio das moitas tristes numa efusão de atrasos e asfalto”. 

Queria conseguir dividir ou mensurar a morte, queria poder fazer um filme das minhas lembranças pra nunca ter medo de esquecer nada… cada canto da memória… já que é inútil voltar atrás… 

Curta: Tripulante 
Direção: Dirnei Prates. 

Kassandra Speltri é atriz, dramaturga, diretora, artista plástica e colunista do blog ‘Os Curtos Filmes’.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Verônica Stigger



Verônica é uma escritora, jornalista, professora e crítica de arte. 

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral? 
A mídia em geral costuma dedicar seus espaços a filmes que integram o circuito comercial de exibição ou àqueles que se destacam nos principais festivais de cinema do país e do exterior e que, por esta razão, sugerem ter grandes chances de se tornar sucesso de público. Esse não é o caso do curta-metragem. E, por isso, os curtas acabam não recebendo a atenção que talvez merecessem dos jornais, das revistas, das televisões etc. 

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público? 
A meu ver, precisamente porque os curtas estão mais ou menos livres da competição comercial e, por isso, podem se dar ao luxo de ser mais experimentais que os longas, seu lugar ideal de exibição tende a ser cada vez mais a internet (que, nos próximos anos, acredito, se imbricará com a televisão). Sites atraentes, bem-desenhados, com transmissões eficientes de vídeo: este me parece ser o caminho para os curtas atingirem um público cada vez maior – na verdade, potencialmente, um público planetário. 

O curta é um "primo" do conto? Quais os paralelos que podemos fazer com a literatura? 
Sim. Podemos pensar o curta como um primo do conto. O longa, por sua extensão, por sua gama maior de personagens, estaria mais próximo do romance e da novela, enquanto o curta, por sua brevidade, por sua concisão, se aproximaria mais do conto. No entanto, há uma série de adaptações de contos para longas-metragens que funcionam muito bem. Um exemplo: o conto Os mortos, de James Joyce, foi transposto para o cinema por John Huston (no Brasil, chamou-se Os vivos e os mortos). 

Qual é a sua opinião sobre as adaptações literárias no cinema? 
Depende da adaptação. Há as que são boas e as que são ruins. A adaptação de Os mortos, de Joyce, que citei anteriormente, é muito bem realizada. Quem faz uma bela brincadeira sobre essa questão é Spike Jonze, a partir de um roteiro de Charlie Kaufman, em seu filme Adaptação, filme, aliás, de que gosto muito. 

Acredita que funcionaria bem a adaptação de um romance num curta-metragem? 
Acho que seria um tremendo desafio. Mas se teria que escolher a dedo qual romance adaptar para o formato do curta-metragem ou, talvez, escolher apenas uma parte de um determinado romance para trabalhar.

domingo, 21 de agosto de 2011

3 ANOS HOJE!


Caros, é com grande alegria que comunico que hoje, dia 21 de abril, o blog faz três anos de vida. 

Alguns amigos do blog escreveram mensagens que compartilho com vocês. 

Um abraço agradecido! 

“O Blog ‘Os Curtos Filmes’ é muito interessante, pois consegue aproximar o publico do realizador, além de divulgar trabalhos que normalmente não tem muito espaço. Vida longa!”
André Ristum 

“Parabéns pelos ‘Os Curtos Filmes’, Rafael. É um dos poucos espaços dedicados ao curta metragem no Brasil. As entrevistas são ótimas e adorei o 5 Estrelas da Boca. Grande abraço e boa sorte!” 
José Gaspar 

"Através do blog ‘Os Curtos Filmes’, que hoje completa três anos, Rafael Spaca promove o debate sobre questões contundentes. Dando lugar à voz dos "envolvidos com cinema", amplia a perspectiva para a construção de nossa cena" 
Rejane K. Arruda

sábado, 20 de agosto de 2011

Christiane Jatahy



Christiane é uma das mais prestigiadas autoras teatrais do país. Ela acaba de lançar o filme ‘A Falta que nos Move’, longa-metragem que inova em sua proposta, pois, além de ter sido realizado em 13 horas de filmagens ininterruptas, segue preceitos estipulados para dar o máximo de realismo à trama. 

O que o teatro pode ajudar e/ou auxiliar o cinema e vice-versa? 
Com o teatro aprende-se a olhar o ator, ouvir e ajudá-lo a encontrar caminhos para a criação. Com o cinema aprende-se a selecionar o que olhar, o olhar do diretor é o que encaminha a criação e o olhar do espectador. Ambas são artes do olhar. Uma foca para ampliar. A outra amplia para focar. 

Na atuação, quais as principais virtudes e dificuldades que atores de teatro podem encontrar em outra linguagem, como o cinema? 
Existem muitas linguagens de atuação. Algumas próximas a do cinema, ou seja, mais realistas, e outras bem distantes. Meu trabalho como diretora de atores é trazer o "personagem" o mais perto possível do ator. Digo que o personagem é transparente, para que possamos entrever a pessoa. A pessoa é sempre mais interessante e complexa. Por isso, eu gosto do teatro próximo, tão próximo como seria uma câmera de um ator. Encontrar o tamanho da distancia, (ator x câmera, ator x espectador) para saber a dimensão do que se precisa expressar é que vai fazer a diferença entre o trabalho do ator do teatro para o cinema. 

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral? 
Porque a mídia, em geral, é voltada para o entretenimento e o que tem retorno comercial. 

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público? 
Eu gostava quando tinha a oportunidade de assistir a um curta no cinema antes da exibição de um longa. Talvez pudesse ter um horário entre as sessões dos longas para os curtas, e os ingressos dos longas daria direito a ver o curta. Utopia? 

Na peça ‘Corte Seco’ você utilizou muitos recursos de cinema, fez às vezes de diretora, inclusive, como foi essa experiência? 
Eu tinha acabado de filmar e editar "A Falta que nos move". Levei a experiência para o teatro. A diferença é que no "Corte Seco" o exercício da edição ao vivo modifica o ator naquele momento e torna o teatro vivo. O que é minha principal questão como diretora. Tornar o teatro vivo para quem vê e para quem está fazendo. 

Como foi filmar ‘A Falta que nos Move’? 
Foi uma experiência incrível, arrebatadora e arriscada. Foram muitos anos fazendo a peça e depois alguns meses ensaiando para fazer o filme. Quando filmamos as 13 horas contínuas estávamos caminhando equipe e atores no limite tênue entre esperado e o inesperado. Entre o roteiro e o improviso, entre o ator e o personagem. Uma maratona artística que mexeu profundamente com cada um de nós. 

O cinema te influenciou no seu trabalho como diretora/ dramaturga? 
O cinema me influência desde sempre. Faço teatro e amo cinema. Sou cinéfila desde muito jovem, e de alguma maneira, levei em cada uma das minhas peças, a experiência que tive no cinema como espectadora. 

Pensa em dirigir um filme? 
Adoraria fazer outro filme. Tenho algumas idéias... Mas, nesse momento minha principal batalha é conseguir colocar o filme "A Falta que nos move" em cartaz.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Adilson Ruiz


Curta nas telas ou A hora e a vez dos curtas-metragens

Artigo de Adilson Ruiz 

Como se define o curta-metragem? Quais os caminhos para ampliar a distribuição de conteúdos audiovisuais de curta duração? 
Essas são algumas das perguntas que pautam as discussões de realizadores de curtas-metragens no Brasil atualmente. Diferentes olhares, origens e repertórios criam uma diversificada gama de opiniões a respeito desse tema, o que demonstra, entre os realizadores, produtores, exibidores, teledifusores, portais de Internet e empresas de telefonia a necessidade de que o conceito para definir uma obra de curta duração seja revisto imediatamente. 

A ideia de que um filme curto deve ser uma obra ficcional ou documental, de caráter estritamente autoral, com cerca de 15 minutos de duração, para ser exibida no circuito de salas de cinema, já não atende mais aos desafios do presente. Outro aspecto fundamental que se apresenta ao pensar no formato audiovisual de curta duração relaciona-se à oferta de obras. O Brasil é hoje um grande produtor de curtas-metragens no mundo. Não temos disponíveis pesquisas consistentes para assegurar exatamente o volume atual desta produção, mas arrisco estimar que seguramente são produzidas, no mínimo, cerca de 700 obras de curta-metragem por ano no Brasil. 

O financiamento dessas obras proveem de diversas fontes, disseminadas em quase todo o território brasileiro: inúmeros editais de fomento à produção em órgãos públicos federais, estaduais e municipais; escolas de formação audiovisual espalhadas em todo o território nacional, responsáveis por um grande número de obras de curta duração; projetos de formação audiovisual dos programas sociais do terceiro setor – outro grande fornecedor de curtas metragens; e, finalmente, a enorme disseminação de aparelhos de captação e tratamento digital de imagem e som, à mão da maioria dos usuários de computadores e telefones celulares, o que faz com que brote, de forma espontânea, inúmeras obras dos mais diversos formatos, gêneros e duração, que contribuem para esse quadro de abundância de produtos. 

A janela do cinema não é mais a única, nem mesmo a mais importante via de comunicação da produção audiovisual com o público em qualquer formato de duração. A convergência digital aproximou os processos de produção audiovisual e criou inúmeras possibilidades de circulação e consumo desses conteúdos, e as obras de curta duração tornaram-se os produtos mais visados pela cadeia de difusão comercial de conteúdos audiovisuais. 

Para as emissoras de televisão, principalmente para a cadeia de emissoras do campo público, além de programas dedicados aos filmes de curta-metragem, as obras de curta duração são muito versáteis no processo de ajuste da programação. Para além dos filmes comerciais, utilizam, cada vez com maior frequência, micro-metragens e interprogramas, que variam de 30 segundos a dois minutos de duração. São obras de grande interesse público com temas relativos ao meio ambiente, cidadania, esportes, aspectos históricos e turísticos, entre outros. 

Portais como o Curta-o-Curta, Porta Curtas, Blopix e Elo Company, dedicados à distribuição de conteúdos de curta duração, oferecem um cardápio de opções e de gêneros aos mais variados segmentos de atividades. São programas para apoio didático em escolas de primeiro, segundo e terceiro graus, para circuitos internos empresariais, companhias aéreas, estações, trens metropolitanos, terminais de ônibus e toda a sorte de circuitos fechados de televisão. 

Segundo os executivos da M1ND, empresa que desenvolve tecnologia para acesso de TV em telefonia móvel, um dos segmentos em mais rápida expansão no momento, o tempo de acesso de um usuário de TV por telefone é, no máximo, de oito minutos consecutivos. 

As empresas de telefonia móvel, por sua vez, buscam estimular cada vez mais a produção de conteúdos que possam ser oferecidos aos seus milhões de clientes. A Claro, por exemplo, tem realizado anualmente o Claro Curtas um certame voltado à produção com e para celulares, premiando os mais interessantes e criativos filmetes de um minuto. Na sua última edição, em 2010, foram inscritos cerca de 1900 produtos. A Oi vem patrocinando, desde 2008, junto a outras entidades, o CEL-U-Cine – Festival de Micro-metragens, revelando novos realizadores de obras para telefonia móvel com até três minutos de duração. 

Enfim, os conteúdos de curta duração ocupam hoje um lugar privilegiado no mercado audiovisual nacional e internacional. Resta aos atores da cadeia produtiva desse tipo de conteúdo ocupar, de maneira organizada, eficiente e criativa, a janela de oportunidades que este momento, de rápidas e profundas transformações, oferece. 

Adilson Ruiz: Cineasta, professor de Cinema e Audiovisual da Unicamp, Adilson Ruiz é consultor de Programas e Projetos Audiovisuais. Foi coordenador de conteúdo do Seminário Curta & Mercado, em São Paulo, em agosto de 2010, que tinha como objetivo a discussão sobre a comercialização de conteúdos audiovisuais de curta duração. 

Este artigo foi publicado no Portal SESC SP.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Gregório Bacic



Gregório é cineasta e criador do programa ‘Provocações’, da TV Cultura. 

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro? 
Praticamente nenhuma. 

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral? 
Os curtas vivem hoje de festivais, que, como sabemos, são espaços quase que exclusivos dos realizadores. Não têm espaço de exibição nos cinemas; logo, não são objeto das críticas de jornais e da mídia em geral. 

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público? 
Consolidar espaços na internet, conquistar espaço nas salas de cinema e na televisão e garantir maior espaço na televisão pública.. 

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa... 
No quadro atual, não é recomendável ficar só no curta. 

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas? 
Marginalizado, propriamente, não. É visto como um esforço para... não se chegar ao público, apesar de alguns (poucos) tão bons, que mereceriam uma sorte melhor. 

Você trabalhou no 'Globo Repórter' na época que o programa era considerado um documentário de verdade. Ali surgiram inclusive, muitos cineastas que estão na ativa hoje em dia. Conte sua trajetória no programa, onde o senhor produziu muitos documentários. 
Criei e dirigi naquela ocasião o documentário "Retrato de Classe" e propus alguns outros que, devido à mudança de característica do programa (voltou a ser reportagem) não foram realizados. 

Qual é a contribuição que o cinema pode dar a TV? Acha que os cineastas são pouco aproveitados? 
A televisão, sobretudo a pública, poderia aumentar o espaço destinado aos bons filmes que não passam nas emissoras comerciais, valorizando a produção cultural e toda a sua diversidade. 

Pensa em dirigir um filme futuramente? 
Depende das contingências. Fazer um filme é algo que exige muito tempo e dinheiro. 

Qual é o seu próximo projeto? 
Realizar um documentário (brasileiro!) no leste europeu. Estou vendo como viabilizar a produção.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CURTA PASSIONAL - Carlo Mossy


MAIS SOBRE O CURTA-METRAGEM

O curta-metragem é uma obra indivisível, única e singular, e não deve ser tratada como sendo apenas o inquestionável aperitivo (trampolim) de um longa. No meu mais humilde ponto de vista de cineasta experimentado e conseguintemente maturado devido aos meus quarenta e cinco anos viscerais de cinema existencial, quarenta e cinco anos que emolduram cada plano –às vezes desfocado- do meu eu fílmico, independentemente do gênero de fita em que atuei e ou realizei como cineasta passional, o curta, pra mim, sempre teve o sabor e significado de uma obra à parte, contexto e regra artisticamente subversiva, docemente ácida, delicadamente perversa e, last but not least , transgressora (pois é preciso ser e se tornar anticonvencional para ser e se tornar um curta-metragista). 

Serão sempre necessários à entusiástica primazia fílmica, elementos quiescentes que possam conduzir a famigerada estética da hora e o necessário timing, numa generosa colheita de expressões e sons, através da ousada sensibilidade explícita de uma câmera inteligente; uma câmera humana que se mova vivaz, ou, conscientemente acinética, mas jamais passiva; câmera que se alimenta captando vigorosas cenas de fotogramas advindos de curtas ou de longas, captados em dadivosos segundos contextuais. 

Serão esses os compassíveis fotogramas à legítima pessoal arte, fotogramas irrepreensíveis no seu conteúdo audiovisual, arte maior agregada à mágica teimosia de quem ama, adora, venera, respira e vive o cinema, de verdade, seja modernamente digital ou tradicionalmente celulóidico? 

Filme de Celular? Vale, não faz mal que seja uma fita hollywoodiana ou que represente a “carencialidade” tupiniquim de nossos sentimentos gloriosamente tupiniquins, pois cada fotograma capturado, revelado e editado representa o subjetivo poder de cada qual que se dispõe ser curta-metragista. 

O famigerado curta, pedra preciosa a ser lapidada, ocupa um lugar privilegiadíssimo no cinema brasileiro e mundial, garantindo não somente a legítima renovação de gerações de cineastas, mas favorecendo as experimentações formais e ou desafetadas as mais diversificadas. Para muitos preconceituosos de plantão, invejosos, o curta manifesta o que seria o específico e o indispensável à juventude fílmica: a - óbvia-imaturidade, a fraqueza de conteúdo, a ausência do controle contextual. Visão preconceituosa, ofensiva e desprovida de maturidade cognitiva. Pra esses, o curta sempre foi catalogado como sendo a criança do cinema, mais propriamente a criança do cineasta; todavia pequenino para se atracar e confrontar com o longa, pois sem o fôlego necessário para tanto. Diz-se, que os primeiros curtas servem como aprendizado, rascunho de uma obra a acontecer. Não raras vezes, volta-se aos primeiros filmes de um grande cineasta pela curiosidade a fim de compreender a gênese de sua obra. 

Carlo Mossy é diretor, ator, produtor, roteirista de cinema e colunista do blog Os Curtos Filmes.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Lourenço Mutarelli



Mutarelli é escritor, ator, dramaturgo e autor de histórias em quadrinhos. Várias das suas obras foram adaptadas para o cinema. 

Você é um dos autores mais requisitados para adaptações cinematográficas no cinema nacional. Há que se deve esse fato? 
É um modismo, porquê teve o ‘Cheiro do Ralo’ e a partir daí começaram a conhecer meu trabalho... foi a partir disso. É modismo, logo surge outro autor. 

Eventualmente você participa dos próprios filmes que são adaptados da sua obra. Como foi para você transpor essa fronteira? 
Nunca pensei em ser ator e com a minha primeira atuação em um curta, eu achei insólito o convite, e eu gostei disso. Não opino nas adaptações, gosto de ver as adaptações no olhar do próprio adaptador. O ‘Cheiro do Ralo’ foi brincadeira (minha atuação). Não quero mais participar como ator de trabalho meu, não quero virar personagem da minha própria obra. 

Você já participou de diversos curtas, como ‘Antonio Pode’, ‘Eu sou como o Polvo’ e ‘Cidade do Tesouro’. O que te faz aceitar esses convites? 
Para experimentar a brincadeira de atuar, agora eu tenho recusado convites. Eu quis vivenciar, mas já me satisfez. 

Já recebeu algum convite para adaptar texto no formato curta-metragem? 
Só para longa, o roteiro é muito técnico, não consigo escrever. 

Acredita que, por seus textos terem como característica as frases curtas, o curta-metragem seja a linguagem, o meio, mais apropriado para adaptar uma obra sua? 
O curta eu não sei, a gente precisa rever o conceito do média-metragem, o curta não aprofunda e o longa é desgastante, o média é o caminho mais interessante, esse formato de 40, 60 minutos precisa ser melhor explorado. 

Você escreve e atua, pensa em dirigir um filme algum dia? Talvez um curta? 
Tive uma proposta, mas tenho vontade de dirigir só em teatro. 

Qual é o seu próximo projeto? 
Lanço livro agora, chamado ‘Nada me faltará’.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

BISTURI - Rejane K. Arruda


Gena Rowlands em Uma Mulher sob Influência de John Cassavetes

Realizador independente, John Cassavetes ministrou aulas de interpretação e durante um seminário teve a idéia de dirigir um filme sobre improvisação.

O procedimento onde os atores se deixam levar por um fluxo de associações para descobrir, em cena, ações que ainda não estão roteirizadas, deu origem a “Sombras”, filme que angariou, de pronto, o Prêmio da Crítica do Festival de Veneza.

Seu segundo filme independente foi “Faces” (no intervalo dirigiu “A Canção da Esperança” e “Minha Esperança é Você”), adaptação de peça teatral de próprio punho que recebeu três indicações ao Oscar.

Em “Faces” vemos Gena Rowlands, esta que será a sua parceira em outros filmes, inclusive em “Uma Mulher sobre Influência”, considerado obra prima.

Nele Rowlands atua como Mabel: esposa, dona de casa, mãe de três filhos e... De pronto, o filme nos coloca a questão: “louca?” - nos mantendo suspensos na borda entre o “não” e o “sim”.

Cada um poderia responder de um jeito. Eu tenderia a responder da seguinte maneira: sendo o problema da personagem respondê-lo (Mabel chega a questionar um dos seus filhos com um “O que você vê quando me olha? Uma louca?”) e estando a dúvida situada no neurótico (ou seja, no dito “normal”), não se trata da estrutura perversa ou psicótica (no senso comum a “louca”), mas de uma “mulher em angústia”, uma mulher “às voltas com o seu sintoma”.

A questão lateja, sem que se possa desmembrá-la, pois me atendo ao campo desta coluna (o trabalho do ator) apresso-me a perguntar: o que posso apreender da performance de Rowlands? Além de ficar embasbacada! Me esforço para raciocinar. É preciso tecer articulações com uma estrutura para, da observação, extrair aprendizado.

No trabalho do ator um dos pontos de incidência é a construção de sentido. Incidência do Imaginário que varia de ator para ator e a forma de ver o mundo, “janela da fantasia”, desejo, significantes da demanda, “diz curso”, detalhes do verbo emprestando cacos à massa corporal.

Uma primeira reflexão: se pudesse comparar Mabel (personagem) com Rowlands (a atriz), diria que: este “diz (curso)” não passou pela primeira. Mabel dança, brinca, grita e briga (criança). Não passou pelos personagens - a família em volta da mesa dizendo “Não há palavras, não há sobre o que conversar” - como se sucumbissem ao afeto. Todos “surtam”. Coisa que o filme não recorta, mas apenas o sintoma “de Mabel” e, assim, constrói a questão da loucura feminina - das “Mabéis”.

Mas o “diz do curso” passou pela atriz. Se a função da palavra é mediação, talvez transforme a intensidade do afeto em sentido. O “curso do diz” passa pela atriz Gena Rowlands, que constrói Mabel; um trabalho de ouvires onde o caco do verbo faz corpo.

Quem primeiramente o sistematizou foi Stanislavski: com verbo-de-ação, monólogo-interior, situação-paralela – verbo não-dito, escondido (importante).

As palavras (os poetas estão aí) implicam gozo. A fala (a psicanálise está aí) implica desejo. Com a fala o ator injeta sobre a superfície e interior do corpo excitável. E já que esta (a palavra) traz a perspectiva do detalhamento, é um bom instrumento.

No entanto, sentido não é o único ponto de incisão. O trabalho suporta esta região “destampada” por onde a vida se intromete insuportável. O ponto onde incide a angústia. E a maestria de Rowlands está no escriturar despudorado deste afeto no corpo.

O ator treme, geme, grita. Está bem perto do Real (*). No que, da substância gozante, não é simbolizável (pois algo escapa à linguagem) surgem letras, feridas, obscenas, a vida bruta das birutices-brutices da carne.

Rowlands é despudorada neste deixar-se levar por excessos e “jeitões”. Se aplaudimos é porque valoramos as estripulias da carne que, neste corte, implicam “o objeto elevado a dignidade de Coisa” - arte, sublimação. “Mabel faz arte”.

No trabalho de Rowlands vemos o detalhamento das passagens de uma ação à outra, um trejeito ao outro. Nos intervalos, “diz o curso” e um sentido-de-ação que brota. Como se “quase antes” de pensar “O que é isso?”, víssemos brotar “Ah! Ela quer olhar a boca do homem, talvez veja como aquele som é produzido, não vai beijá-lo, mas, por um instante eu pensei”.

Há o jogo da leitura, que começa com o não-sentido, passa pelo duplo-sentido e cai na lógica que o Imaginário dá conta (e ele conta). Bem antes do proferir da fala, a presença de materiais que se substituem é aterradora. Precisamente, algo que “me causa”.

Seria preciso destacar a construção. Mas isto não é possível! Quais elementos subterrâneos? Quais sustentam as transições destas marcas? Não mais o sentido unívoco, mas o verbo ambíguo articulado ao ser, manejo em nome próprio das “regras do jogo” (pacto, Simbólico).

O que Kusnet chama (com um nome contemporaneamente significativo) “primeira instalação” (o contexto do ator) evoca a ação na “segunda instalação” (contexto ficcional, da personagem). O ator “joga em nome próprio” (Knébel); maneja pensamentos e emoções “reais” (do seu contexto) e as empresta, pois implicam um imperativo.

Não é possível saber quais as de Rowlands! São segredos. Há atores que os revelam como Dustin Hoffman, que certa vez para criar Rain Man enterrou a cueca entre as nádegas e, assim, sustentou o andar (**).

Percebe-se um contraponto. Um elemento constante em foco – enquanto, destampada está a outra extremidade por onde se deixa instalar “certas marcas do gozo” que atuam.

É disto que se trata. De segredos. É preciso antes o despudor para ser ator. É preciso entregar-se a certo estado de gozo, angústia e felicidade “claricianos”.

Acho que é isto que vejo em Rowlands. Queria poder entrevistá-la e ouvir seus segredos.
________________________
(*) Trata-se do conceito de Real como o que não tem inscrição na linguagem, o que é impossível de imaginarizar. Para Lacan existem três registros – Real, Simbólico e Imaginário. O Simbólico não é uma simbólica, mas a estrutura da linguagem. O Imaginário é fundamentado nas relações especulares do eu com o mundo, é onde incide o sentido.
(**) Confesso que não vou lembrar em que livro li isto, mas me afetou na época e jamais esqueci. Se lembrar da citação publico. Seria útil.


Rejane Kasting Arruda, é atriz e pesquisadora. Atua em cinema e teatro. Faz pesquisa na Universidade de São Paulo junto ao Centro de Pesquisa em Experimentação Cênica do Ator. Ministra aulas de atuação para cinema. Participou dos filmes Corpo, O Veneno da Madrugada, Tanta, Iminente, Edifício do Tesouro e Medo de Sangue, entre outros. É também colunista do blog Os Curtos Filmes, onde assina uma coluna mensal.

rejane.arruda@usp.br

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Rose Abdallah



Rose é atriz e participou dos curtas ‘Cuidado com a sombra do Astronauta’ e ‘Tira os Óculos e Recolhe o Homem’.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Gostaria muito de saber. Temos belíssimos filmes que viajam o mundo inteiro, recebem prêmios e nós ficamos no ostracismo.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Comecei a ver curtas na adolescência, sempre antes do longa. Era muito bom, também não entendi porque pararam de passar. Hoje fica restrito aos festivais e mostras independentes. Acho que deveria voltar a ser exibido nas salas antes do filme principal, em todos os horários.

Qual é o seu método de trabalho em curta-metragem? Como se prepara para gravar curtas?
Procuro ouvir muito a direção, saber quem e o que lhe influenciou. Depois busco imagens, que vai desde o quadrinho, aos mestres da pintura, e, observo as pessoas nas ruas para ajudar a compor o corpo da personagem. Após este básico, me atiro sabendo que não tem rede de proteção.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios artistas?
O curta é marginalizado pela imprensa, não pelos artistas. Atores, técnicos, todos topam fazer.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim claro, idéias não faltam, mas antes tenho tanta coisa para terminar...

Qual é o seu próximo projeto?
Estou em pós produção do curta documentário "Rumo ao Continente", sobre as crianças que moram na Ilha Grande; me preparando para rodar um longa no final do ano, e estou ensaiando uma peça chamada "Comédia Russa", com estréia marcada para 07 de outubro no Teatro Nelson Rodrigues. E vem mais coisas por aí!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Nilson Primitivo


CONTRA O CINEMA, CONTRA OS CINEASTAS

O idioma tonal e narrativo do cinema dos últimos tempos é tido como se fosse ‘natural’, e como se fosse ‘ir contra a natureza’ superar o que o tempo está bloqueando. O conteúdo desse resultado é o cinema familiar a todos e está tão distante do que hoje pesa no destino humano que a experiência pessoal do público já não tem nenhuma comunicação com a experiência testemunhada por esse tipo de cinema ‘tradicional’. 

Porém, o que vale aqui não é o jogo agradável ou útil, mas a perspectiva de um certo desdobramento da verdade. Nela, a negação do elemento negativo é a própria essência de uma atitude autoritária, já que é meramente ideológica. A autoridade do efeito é sub-reptício: deriva não da lógica da argumentação, mas da prepotência do gesto. E de nada serve adotar ‘cosmovisões’ do passado com a finalidade de estabilizar nosso estado de ânimo e converter a evidente limitação de nossas faculdades representativas em algo que seja ‘por si’ e ‘em si. 

Sady Baby - o Príncipe das Moscas 

"talvez todo o valor estivesse nos bandidos das montanhas e nos assassinos da noite, nos salteadores das estradas e nos apunhaladores das ruas"

O Cinema Inaugural de Sady Baby expõe, enfrenta e reelabora alguns tópicos do comportamento social fundamentais da cultura brasileira contemporânea; mas, ao fazê-lo, penetra-os com uma dicção que é paradoxalmente saturada de vertentes estilísticas e desenvoltamente pessoal. 

Em "Emoções Sexuais de um Jegue", assistimos ao encontro de uma persistente leitura da tragédia nacional típica da década de 80, onde a AIDS e o preconceito de ontem e de hoje, acabam por servir como ponto de partida, para uma análise minuciosa sobre critérios morais enunciados por essa sociedade. E Sady é um dos nossos mais afiados leitores da realidade desse período, com um ethos despojado e às vezes abertamente biográfico. 

No filme, o personagem principal, "Gavião", foge da cadeia onde teria sido estuprado e contraido HIV, e segue a caminho de sua casa, de seu lar. A primeira cena que apresentra o personagem, ele engana um cachorro vira-lata: toma o osso do cão e sai roendo-o calmamente. Ao longe ouvimos os ganidos tristes do esfomeado vira–lata vitima do assalto de ‘Gavião’. Se isso não é estética da fome o que é? Um filme pornográfico comum? Sady revela uma dramaturgia construída a partir de desenhos de personagens, esboços de cenas e de um roteiro de situações. Veremos se não tem mais a ver com o filósofo alemão Martin Heidegger que com filme pornográfico. Se não, vejamos: Continuando nesse caminho ideal pelo meio do mato, conhece uma mulher (X-Tayla) que concorda manter relações sexuais com ‘Gavião” apesar de ciente de sua condição de infectado. Essa situação é expressa “simbolicamente” no filme através do convite inóspito do personagem 'vamos transar, mas pra comemorar (?!) tem que ser dentro de um caixão”.. ao que ela, indiferente a respeito do próprio destino fatídico, responde apenas com um vago "que maneiro".. Essa preparação constituiu-se como uma ruptura. Uma "queda", não necessariamente no sentido judaico-cristão do termo, todavia uma queda, já que traduzida por uma catástrofe fatal para o gênero humano e, ao mesmo tempo, por uma mudança ontológica na estrutura do Mundo. 

Cumprindo sua sina, “Gavião” prossegue em direção a sua casa, onde encontra primeiro a esposa e depois a irmã, menor, ambas grávidas, engravidadas pelo próprio pai de “Gavião”. E o pior é que, como se trata de um filme do Sady Baby, as duas gostam mais do velho pai/sogro que as estuprou e que lhes toma dinheiro, que do irmão/marido/salvador normalmente interpretado como o herói/vingador. 

O filme então passa a ser a saga obstinada desse “herói-sem-amor” por vingança pelo triplo estupro, “duplo chifre" e prisão. “Gavião’, a partir daí, come todas as mulheres e mata todos os homens que encontra pela frente, e o encontro com o próprio pai acontece somente no final, com a pior forma de parricídio: pela curra. A maldade do “herói” aparece como meio de assimilação do mundo que o cerca. 

Acontece que a paródia satírica nele é uma aventura de gênero de origem semi-rural: daí o curioso revival moderníssimo na escolha da utilização predominante da musica newwave para suas trilhas sonoras. No ambiente do seu “estudio”, quer dizer, uma sala comercial na Av .S.João, locação e único “interior” em todos os filmes, a newwave vem mixada com o Forró, antiga fórmula de escarnecer as palavras, estilo musical que a usura, na época, ainda não desgastara. 

Nilson Primitivo é cineasta e colunista do blog Os Curtos Filmes.