sábado, 20 de agosto de 2011

Christiane Jatahy



Christiane é uma das mais prestigiadas autoras teatrais do país. Ela acaba de lançar o filme ‘A Falta que nos Move’, longa-metragem que inova em sua proposta, pois, além de ter sido realizado em 13 horas de filmagens ininterruptas, segue preceitos estipulados para dar o máximo de realismo à trama. 

O que o teatro pode ajudar e/ou auxiliar o cinema e vice-versa? 
Com o teatro aprende-se a olhar o ator, ouvir e ajudá-lo a encontrar caminhos para a criação. Com o cinema aprende-se a selecionar o que olhar, o olhar do diretor é o que encaminha a criação e o olhar do espectador. Ambas são artes do olhar. Uma foca para ampliar. A outra amplia para focar. 

Na atuação, quais as principais virtudes e dificuldades que atores de teatro podem encontrar em outra linguagem, como o cinema? 
Existem muitas linguagens de atuação. Algumas próximas a do cinema, ou seja, mais realistas, e outras bem distantes. Meu trabalho como diretora de atores é trazer o "personagem" o mais perto possível do ator. Digo que o personagem é transparente, para que possamos entrever a pessoa. A pessoa é sempre mais interessante e complexa. Por isso, eu gosto do teatro próximo, tão próximo como seria uma câmera de um ator. Encontrar o tamanho da distancia, (ator x câmera, ator x espectador) para saber a dimensão do que se precisa expressar é que vai fazer a diferença entre o trabalho do ator do teatro para o cinema. 

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral? 
Porque a mídia, em geral, é voltada para o entretenimento e o que tem retorno comercial. 

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público? 
Eu gostava quando tinha a oportunidade de assistir a um curta no cinema antes da exibição de um longa. Talvez pudesse ter um horário entre as sessões dos longas para os curtas, e os ingressos dos longas daria direito a ver o curta. Utopia? 

Na peça ‘Corte Seco’ você utilizou muitos recursos de cinema, fez às vezes de diretora, inclusive, como foi essa experiência? 
Eu tinha acabado de filmar e editar "A Falta que nos move". Levei a experiência para o teatro. A diferença é que no "Corte Seco" o exercício da edição ao vivo modifica o ator naquele momento e torna o teatro vivo. O que é minha principal questão como diretora. Tornar o teatro vivo para quem vê e para quem está fazendo. 

Como foi filmar ‘A Falta que nos Move’? 
Foi uma experiência incrível, arrebatadora e arriscada. Foram muitos anos fazendo a peça e depois alguns meses ensaiando para fazer o filme. Quando filmamos as 13 horas contínuas estávamos caminhando equipe e atores no limite tênue entre esperado e o inesperado. Entre o roteiro e o improviso, entre o ator e o personagem. Uma maratona artística que mexeu profundamente com cada um de nós. 

O cinema te influenciou no seu trabalho como diretora/ dramaturga? 
O cinema me influência desde sempre. Faço teatro e amo cinema. Sou cinéfila desde muito jovem, e de alguma maneira, levei em cada uma das minhas peças, a experiência que tive no cinema como espectadora. 

Pensa em dirigir um filme? 
Adoraria fazer outro filme. Tenho algumas idéias... Mas, nesse momento minha principal batalha é conseguir colocar o filme "A Falta que nos move" em cartaz.