quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Revista Cinema Caipira de janeiro

A revista Cinema Caipira ISSN 1984-896x, número 35, já está disponível para encomenda e download gratuito em diversos formatos. Neste mês contamos com os seguintes artigos;

“Congratulazioni, Maestro” – Um especial sobre a vida e obra do compositor italiano Ennio Morricone.
de Bruno Barrenha

“Roque Santeiro e o cinema brasileiro”
de Rafael Spaca


“O cinema como a arte da (nossa) representação social.”
de Isadora Maria Torres

“Ivan Cardoso, entrevista”
de Rafael Spaca


revista folheável para leitura online
http://www.readoz.com/publication/read?i=1045581#page1

revista para impressão em arquivo pdf
http://www.4shared.com/office/W5m90hGT/35_IMP_.html

clique aqui para saber como montar a sua com o arquivo pdf

arquivo ePub para leitura em celulares e tablets
http://www.4shared.com/file/YrNwgngc/Cinema_Caipira_35_-_Grupo_Kino.html


para encomendar a revista no valor de R$7,00 cada ou assinar a anuidade por R$70,00, envie e-mail para jpmiranda82@yahoo.com

Para quem quiser ler somente o meu texto, segue aqui:

Roque Santeiro e o cinema brasileiro

De autoria de Dias Gomes, a novela ‘Roque Santeiro’, atualmente sendo reprisada no Canal Viva, é desenvolvida como sátira à existência dos mitos, a necessidade de mantê-los e a fonte de renda que podem representar, sobretudo numa pequena cidade.

A história se passa na fictícia Asa Branca, um retrato do Brasil, com suas vantagens e mazelas. Asa Branca vive em função de um falso mito: o milagreiro Roque Santeiro (José Wilker) – assim chamado por modelar santos de barro – que teria morrido como mártir defendendo a cidade do bandido Navalhada (Oswaldo Loureiro).

Para dar vida à Asa Branca, a equipe da Rede Globo criou uma cidadezinha que fosse parecida com Juazeiro do Norte, no Ceará, Porto das Caixas, no Rio de Janeiro, e Aparecida, em São Paulo – cidades que vivem em função da religiosidade popular. Asa Branca se parece com as três, mas tem sua identidade própria.

A população de Asa Branca chega a erguer uma estátua em homenagem ao herói e passa a lhe atribuir curas e milagres. “Viva Roque Santeiro!” é a frase mais ouvida em Asa Branca. Após 17 anos, o falso santo reaparece em carne e osso, causando desespero às autoridades locais de Asa Branca, já que o fim do mito significaria a morte da cidade.

Outra questão que a novela abordou, foi um tema em voga na época, a divisão da Igreja Católica entre tradicionalistas e adeptos da teologia da libertação.

Mas o que quero escrever aqui é a relação da novela com o nosso cinema. Asa Branca se vê agitada pela equipe de cinema que chega à cidade para filmar a história de Roque Santeiro. Nesse núcleo, merece destaque o personagem de Fábio Jr., o ator mulherengo Roberto Mathias, que interpreta Roque Santeiro no filme e o diretor da película, Gerson, vivido pelo ator Ewerton de Castro.

Estereótipos e clichês à parte, esse núcleo que trabalha com o intuito de produzir o filme, “bate” forte no nosso cinema. É uma sucessão de críticas à produção mambembe que são colocados. Falam da falta de verba e incentivo para filmar, da censura e do crivo que são obrigados a se submeter pelas autoridades locais para criar uma história oficiosa, do presente e futuro da profissão, da ingerência dos financiadores à obra cinematográfica, e por aí vai...

Em um trecho da novela, Gérson, o diretor, diz para Luizão (Alexandre Frota), seu produtor:

- E ainda tem idiota que fala que só é preciso uma câmera na mão e uma ideia na cabeça para fazer cinema.
Luizão: quem disse isso?
Gérson: Glauber Rocha
Frota: Aé!

A novela foi exibida entre 85 e 86, muito tempo se passou e muita coisa mudou no nosso cinema. Estamos em um nível mais profissional, com equipes qualificadas e... e o que mais? O que será que mudou além disso?

Rafael Spaca, radialista, autor do blog Os Curtos Filmes (http://oscurtosfilmes.blogspot.com/)