quarta-feira, 28 de março de 2012

Lírio Ferreira

Codiretor de Baile perfumado (1997), realizado em parceria com o conterrâneo Paulo Caldas, Lírio dirigiu ‘O homem que engarrafava nuvens’ (2009), ‘Cartola – Música para os olhos ‘(2007). ‘Árido Movie’ e ‘Assombrações do Recife Velho’ (2000). Curta-metragem codirigido com Cláudio Barroso e Adelina Pontual.


Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Se pensarmos em “ A velha a Fiar” , “Cinco Vezes Favela”, “Meow”, “Di” e “Ilha das Flores” , só para citar esses curtas, vemos a extrema contribuição que os curtas metragem deram ao cinema brasileiro. Porém o legado maior, para mim, é o contínuo exercício da liberdade. Da liberdade estética e de linguagem que no caso dos longas, as vezes, é colocado de lado por compromissos comerciais.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque boa parte da mídia ainda é vinculada exclusivamente ao cinema comercial. O curta no Brasil já atingiu um grau de excelência que não pode ser deixado de lado por aqueles que formam a opinião pública. Há veículos que ainda dão atenção, mas, infelizmente são raros.

Como deveria ser a exibição de curtas para atrair mais público?
Ocupando os espaços que a modernidade vem trazendo e que tem o seu perfil. Você não acha que a pessoas prefeririam assistir a um curta ou a um longa no intervalo do almoço através do seu celular?

É possível ser um cineasta só de curta-metragem?
Claro que sim. Temos vários grandes exemplos no Brasil.

Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Isso é natural em qualquer lugar do mundo. Não acho nada de anormal. Porém, não é uma regra, nem um dogma, está mais para um axioma.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Há cineasta que acham que o curta metragista é um cineasta menor, devido ao tamanho do seu filme. Isso é de uma ignorância sem tamanho. Ninguém transa melhor do que o outro por tem um órgão genital maior ou menor. Agora se usar o termo marginalizado como se usava no final da década de sessenta entre os udigrudis, aí passaria a ser um elogio para os curtas metragistas.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Tenho um curta chamado INCLUSIVE que rodei no ano passado. Está montado e se preparando para o tranfer. Oxalá fique pronto no início do ano que vem.

Qual é o seu próximo projeto?
Se chama 'SANGUE AZUL'. É a minha volta a ficção. Roteirizei junto com Fellipe Barbosa e Sergio Oliveira. É um filme sobre circo, mar e a impossibilidade de amar. Será produzido pela Drama Filmes e espero rodar no final do ano que vem.