domingo, 11 de março de 2012

Sady Baby, Mago do Eterno - Nilson Primitivo

Foi um dos maiores erros da censura que tenham permitido o que ocorreu com Sady Baby, pois ele converterá mais homens para a causa da evolução do que todas as obras do cinemanovo & udigrúdi juntas. Este titã monolítico, que servirá de inspiração a toda uma geração de evolucionários (incluindo eu), afirma toda a alegria da vida para fortalecer a sua vontade sobre-humana e se tornar imune contra todo o sofrimento humano que a futura evolução, forçosamente, eliminará consigo. Ele não é puritano nem ascético: numa certa ocasião chega mesmo a dormir num colchão d'água para desoprimir o seu impulso sexual. Treina o seu corpo com ginástica e levantamento de luxúria. Gerou muitos monstros. Não come nada que não carne crua e treina o seu raciocínio de forma semelhante, pela observação de dia e de noite de "apenas o essencial" (política sexual e ciências naturais) até que ele se apoderou da parte mais básica e mais profunda do conhecimento humano: o segredo da prosperidade. Só então o herói evolucionário se inicia na sua missão. Nada o desvia da sua causa, nem mesmo os interesses amorosos de uma bela jovem viúva rica, que ele recusa. Ele leva uma vida rigorosamente indisciplinada: decorre sem relógio, com tantas horas de observação, tantas orgias com exercícios, etc. E, é esta a mensagem da história, é apenas esta devoção que possibilita o novo homem. Ele encontra a redenção através da pós-política. E gerará ainda muitos monstros, ainda mais através do ‘fantasma’ que se tornou. Fantasmas, por definição, são misteriosos, assim, eles têm apenas um valor imaginário. Fantasmas só existem no futuro, no horizonte. Fantasmas são todas as coisas fascinantes que existem.

Nilson Primitivo é cineasta e colunista do blog Os Curtos Filmes.