terça-feira, 24 de julho de 2012

Veridiana Toledo

Veridiana é atriz. Na televisão atuou em ‘Ilha Rá-Tim-Bum’ e nas novelas ‘Revelação’, ‘Cristal’ e ‘Esmeralda’. No cinema, o filme ‘O Martelo do Vulcano’.

O que te faz aceitar participar de trabalhos em curta-metragem?
Na verdade nunca fiz trabalho em curta metragem algum. Já tentei, aliás já tentei MUITO. Todas as oportunidades que me pareceram até hoje fui atrás, mandei material para avaliação e nunca aconteceu. Nem de estudantes de cinema da FAAP, da ECA, nada. Mas faria, sem dúvidas. Gosto de trabalhar gosto de atuar seja lá onde for. Temos que começar por algum lugar não é ? O curta metragem ainda é uma forma para se começar, o primeiro degrau,  nós atores na tentativa de entrar no mercado de cinema e cair no gosto dos diretores e produtores, os roteiristas, diretores, diretores de fotografia também. É uma maneira de treinar, de aprender, de conhecer o mecanismo de produção, as funções de cada um em um set de filmagem, tudo! E só se aprende fazendo , treinando, praticando. Aliás, tudo na vida é uma questão de determinação e treino. Ah! Tem que ter vocação  e estrutura emocional também, pois é tudo difícil! Fazer curtas me possibilitaria aprender mais, conhecer pessoas, praticar, ter contato com novas visões de trabalho, de formas de ver e fazer cinema. Saldo positivo total !

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Muita coisa não tem espaço em críticas de jornal e atenção da mídia em geral. Dança, exposições de arte... Teatro Infantil por exemplo não tem espaço nenhum. Lembro dos tamanhos das críticas de espetáculos que fiz há 15, 16, 17 anos. Crítica que ocupavam meia página!  Hoje tem as revistinhas com Guia de programação com espaço nenhum e muito anúncio pago. Com teatro adulto também. Os críticos reclamam da perda de laudas, reclamam de seus editores e nada muda. O espaço para crítica de forma geral está cada vez mais reduzido, espaço para divulgação de serviço é cada vez menor. Existe rodízio de informação na VEJA por exemplo.  Não é toda semana que são divulgados todos os espetáculos em cartaz na cidade. Os curtas não tem espaço porque alguém decidiu que são menos importantes e todo mundo acreditou. Muita coisa é assim hoje em dia. Uma pessoa ou um pequeno grupo de gente "descolada" elege algo como muito bom  ou o melhor, e mesmo a coisa não sendo nem boa nem a melhor ela passa a ser porque todos resolvem acreditar naquilo. E não é o marketing, a propaganda que tem esse poder. São as pessoas mesmo. Quando algum "descoladinho" com algum poder de divulgação ou de persuasão resolver dar valor aos curtas e decidir que eles são importantes, logo logo todos estarão acreditando o mesmo.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Nos cinemas, antes de um longa um curta de 10 minutos, ou 2 de 5 minutos cada deveria passar ao invés de 700 comerciais. Fui assistir um filme em um cinema de Shopping outro dia e tivemos 15 minutos de exibição de comercial antes do filme começar. Um saco ! Tô pagando para ver um filme, não quero ver mais comerciais de telefonia. eles já passam o dia inteiro na televisão. Canal pago e cinema não deveria ter comercial. Canal aberto sim, afinal é de graça. Mas pagar caro para ver um filme e ficar vendo anúncio de Tuckson Hunday é dureza! As emissoras poderiam fazer isso também. Passar um curta antes de repetir pela milionésima vez "Uma babá muito louca". Para mim parece óbvio, não entendo como a Rede Globo não fez isso até hoje!
  
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
É possível sim! Lógico, porque não ?Não existe roteirista de twetter? Gente se especializando cada vez mais em passar um volume de informação enorme em curto espaço de tempo, de caracteres, de imagens. Pode ser um grande barato e desafio  fazer histórias elaboradas, com muita informação em um curto espaço de tempo.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não acredito que seja não ... E se for  marginalizado por algum , esse um é idiota e tá cuspindo no prato que com certeza já comeu pois não conheço um cineasta que  tenha feito um longa sem ter feito um curta primeiro. Ninguém nasce sabendo. E tem a questão financeira também. Não dá para aprender a fazer cinema com orçamento de longa metragem. A tecnologia vem barateando muito os custos, mas fazer cinema ainda é caro e o curta vai ser sempre a forma de aprender gastando menos. Fazer arte é caro. Emocionalmente é carézimo pois o contato com a frustração é constante , frequente, eterno. Produzir é muito desgastante  e exaustivo. Produzir qualquer coisa. Um curta já requer um volume de trabalho que sempre será digno de aplausos. E cineasta que é cineasta mesmo sabe disso,  e assim sendo sabe dar o devido valor.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não ! Não tenho a menor pretensão de dirigir nada ,nem no TEATRO que é onde está o altar do meu TEMPLO, onde me sinto absolutamente íntima de tudo. Dirigir ator sim, preparar elenco é prazeroso de mais e sei fazer um bom trabalho para oferecer ao diretor atores mais confortáveis e "amigos" de seus  próprios papéis. Mas dirigir não!  Até tenho idéias, roteirinhos em escaleta ,mas são só ideias. Sou atriz ! Meu negócio é atuar. Pensar no todo deixo para o teatro já que nele tenho que ser produtora também. Pensar no todo é para quem gosta de mandar. Eu gosto de ser mandada. Adoro ser dirigida. Claro que por diretores que me permitam criar ! Afinal de contas eu sou uma artista. Só  foi possível me tornar atriz porque antes sou  uma artista. E como todos SEMPRE precisando trabalhar.