sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Isabella Nicolas

Isabella é jornalista, produtora e documentarista. Fundou a Book Filmes, produtora de conteúdo audiovisual para cinema, TV e empresas.
 
Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta-metragem está na base do cinema brasileiro. As primeiras "fitas" tinham duração de, no máximo, 10 minutos e eram todas documentais. Os longas de ficção tardaram uns 20 anos a ser maioria em nosso cinema. E, em momentos críticos como no início dos anos 90, quando Collor fechou a Embrafilme, foram os curtas que mantiveram o cinema brasileiro ainda produtivo.  E essa tradição nunca se perdeu, principalmente entre os gaúchos e paulistas.
 
Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Os curtas têm relevância cada dia maior e já começam a atingir a mídia e a receber a importância devida, principalmente porque, alguns dos novos e promissores nomes da direção, como Esmir Filho, Philipe Barcinski, Gustavo Spolidoro e Selton Mello começaram no curta. Com o sucesso de seus longas em festivais, a crítica acaba citando seus curtas. E os festivais dedicados só a esse formato proliferam atualmente, no Brasil e no mundo.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Sem dúvida, não poderíamos dizer que todo diretor gostaria de ser curta-metragista para sempre. O curta continua sendo uma porta de entrada para o longa. Mas muitos já se deram conta do fantástico exercício  de síntese necessária a que se conte uma história em poucos minutos. Não é tão fácil quanto parece.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Pretendo seguir dirigindo apenas documentários e, apesar de não pensar em dirigir curtas documentais, admiro quem o faça e alguns trabalhos são dignos de muita atenção, como, por exemplo, o curta "Visita Íntima", um excelente testemunho sobre os encontros íntimos de esposas de presidiários com seus maridos, que otimizou de forma louvável o pouco tempo para traçar um retrato cativante das que se encontram nesta situação. O que produzo agora, sobre o produtor musical Liminha,  será provavelmente um média, já que, por total falta de paciência de passar de dois a três anos correndo atrás de patrocínio, não foi sequer inscrito nas leis de incentivo e terá uma provável co-produção de canal de TV por assinatura e visa este veículo como canal de exibição antes de ser transformado em DVD.
 
Quais os planos da sua produtora em relação ao cinema, especificamente sobre curta-metragem?
A BOOK FILMES se dependesse só de seus filmes, não sobreviveria. Atualmente, vídeos empresariais e vídeo releases para gravadoras são o carro-chefe, mas nosso próximo projeto incentivado é um livro de arte, na linha de meu anterior, "O CINEMA BRASILEIRO NO SÉCULO XX" , intitulado "RESIDÊNCIAS DO PODER", que contará a formação dos estados brasileiros, partindo da arquitetura de suas sedes de poder. É um livro que agradará amantes de história, mas também de arquitetura urbanística. Como gravarei as entrevistas em vídeo, quem sabe também não virará um documentário. Já se será um curta, um média ou um longa, só saberemos na edição. Não me prendo a nenhuma metragem. Terá a que imprimir melhor ritmo e der o espaço necessário para a história contada. Foi assim que montei o último filme "SENHORES DO VENTO", que virou um longa, porque as diversas aventuras vividas pelos velejadores/protagonistas permitiram, mas poderia ter virado um média. Essa liberdade é importante.