domingo, 21 de outubro de 2012

Juliana Schalch


Juliana Schalch, atriz e dançarina. Em 2004 fez o curta-metragem ‘Formigamento’, de Fábio Telles. Em 2007, participou do curta-metragem ‘Dorian’ direção, roteiro e produção Cesar Gananian e Gregorio Gananian. Em 2006 foi auxiliar de produção de elenco no curta-metragem ‘Ao Vivo’, com direção de Giuseppe Sifredi. Fez também o filme ‘Tropa de Elite 2’.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O curta-metragem, na minha opinião, é um experimento. É um experimento sério e livre. Pode ser realizado por pessoas que estão se formando e estudando cinema, pode ser de diretores mais experientes, mas é acima de tudo uma boa oportunidade para procurar verticalizar o estudo na linguagem, descobrir possibilidades diversas, histórias diferentes, novas possibilidades e meios de contar essas histórias, desde recursos de câmera, enquadramento, como sonoplastia, trilha sonora, personagens...
 
Me interessa pelo exercício do fazer. Uma produção artística como o cinema e o teatro, envolve muitas pessoas, cada um cuida de algo e é responsável por aquilo. Eu sou atriz, minha responsabilidade é com o personagem, mas tem a figurinista, o diretor de fotografia, de arte, o diretor geral, o técnico de som, de foco; e o convívio de todas essas pessoas, o respeito que cada um tem com a atividade do outro, e o exercício da administração do set de filmagem são aspectos que me interessam de mais. Outra coisa que me interessa bastante, são as histórias. Quais histórias estão sendo contadas por nossos diretores brasileiros? O que o artista brasileiro está pensando, o que habita seu imaginário, e qual a forma através da qual ele vai abordar esse imaginário?
 
Além disso, a troca diretor-ator. Qual o papel do ator, dentro de uma produção cinematográfica? Como expressar suas percepções da personagem, do enredo, da história, para o diretor? Como estabelecer esse diálogo? Quais as práticas que o diretor vai utilizar para trazer o ator, estabelecer uma linguagem comum com o ator? Isso é algo pensado pelo diretor, ou o ator é mais uma peça, como um móvel que se coloca na sala?
 
Acho bastante enriquecedor pensar sobre isso, e me colocar a disposição para a arte. Para mim, o cinema é algo fascinante, e o exercício do ator é diferente em cada trabalho que executa, em cada personagem. Nessa busca, nessa pesquisa, me envolvo com as histórias e me fascino com os estudos.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O teatro também é pouco divulgado, embora eu sinta que  curta é ainda menos. Essa resposta é bastante complexa, porque não acho que seja algo que não interesse, uma boa história interessa sempre. Os festivais de curta costumam ser bem divulgados, e já fui a algumas estréias de curtas onde havia bastante público. Acho que talvez seja uma questão cultural, de espaço para a cultura em nosso país.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Na Argentina, os curtas são passados na sala de cinema, no lugar do trailer, aqui no Brasil temos propagandas. Eu acredito que esse espaço poderia ser melhor utilizado com a exibição de curtas.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Sobre essas questões práticas da experiência de um cineasta eu não tenho muito como responder, minha prática é no exercício como atriz.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Posso falar de quem conheço, os diretores com os quais trabalhei já fizeram curta, documentário, acho que são possibilidades de uma mesma arte, a arte de fazer cinema, o curta é um outro veículo.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim, tenho bastante interesse em direção, pretendo começar dirigindo teatro, mas tenho intuito e convicção de que farei esse experimento mais pra frente. Inclusive atualmente tenho um projeto, mas não serei eu quem irá dirigir, embora eu compartilhe bastante minhas opiniões.