quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Rosanna Viegas

A atriz atuou no longa-metragem ‘Cru’, de Jimi Figueiredo.  Em relevisão, interpretou Rosário, empregada de Jacques Leclair (Alexandre Borges), no remake de Ti-ti-ti.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O importante é a proposta, a personagem, a equipe...
 
Mesmo não tendo muito recursos de produção, salvo alguns felizardos, atuei e vejo a minha geração atuar em curtas movidos pelo tesão avassalador de uma equipe jovem, bolso furado, frisson de "temos só uma lata!" ou muita experimentação digital. Guerrilha onde o ator contribui com figurino, dá pitaco no roteiro, acelera a equipe e traz até o café, rs. O caos, essa vontade louca de fazer cinema diante das dificuldades, faz abusar da criatividade, um lado muito bom. O melhor é que a cada dia estamos menos mirins nas produções e garimpando mais recursos. O que é bem mais interessante.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque  não é distribuído, então  não é "comercial", assim ninguém assiste. Geralmente são atores e diretores desconhecidos do grande público, logo não é interessante para a mídia.   
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público? 
Não adianta ter lei de incentivo e patrocínio só para filmar e finalizar. Tem que  pensar na distribuição.  Fazer o filme pra ficar na estante de casa é fazer cinema masturbação. 
 
É sacal sermos expostos por quase 20 minutos  só de propaganda  de pipoca ou como encontrar a saída de incêndio. Antes da exibição do longa, um curta antes de cada sessão reverbera em mídia, crítica e fomento. Exibir nas grandes salas de teatro  também pode ser uma boa. Cultura em combo, compre 1 leve 2. Já vi animação antes de espetáculo no CCBB de Brasília, por exemplo. Temos que ter mais projetos de sessões de curtas, sessões ao ar livre em praias, parques, DVDs para  comercializar em bancas ou distribuir em escolas.    
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
O curta usa o poder da síntese. Tem que ter tutano pra ser longa. Curta pode ser um bom treino para fazer longa metragem, gasta menos, mas o melhor seria pensar no formato que o cineasta gosta de trabalhar e no que a história pede.  
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
 
Será? O filme tem é que causar arrebatamento. Existe o glamour do longa, supervalorizado pela indústria e pela mídia. Mas se o filme não vingar, a tortura de um curta ruim passa mais depressa do que um longa malsucedido.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso sempre em atuar. Talvez escrever. Mas dirigir pode ser um caminho futuro.