terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Helô Cintra

Gradua-se em Jornalismo, pela PUC/SP, em 2001, e forma-se atriz pelo Teatro Escola Célia Helena em 2000. Entre 2006 e 2007, ministrou aulas de teatro no Colégio Cidade São Paulo para turmas de primário e colegial. É Atriz, diretora e produtora.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem? 
Aceito quando o roteiro me interessa a história ou a forma de contá-la me dão vontade de fazer o filme.

 Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral? 
Não sei te dizer... acho que porque eles são pouco exibidos. A mídia vem, depois. Primeiro tem que existir um espaço para a apreciação dos curtas, um espaço constante, não somente em festivais. Acho que é isso.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
O ideal seria se em vez de publicidade antes dos longas-metragens nos cinemas, nós tivéssemos a oportunidade de ver um curta. Imagine que legal seria, um curta antes de cada longa!

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Como não sou cineasta, acho difícil responder esta pergunta. Acho que independente do tamanho do filme, ele é cinema, o diretor, roteirista ou fotógrafo de curta é tão cineasta como de um longa.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não sei te dizer.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não penso, mas não descarto. Agora atuar em cinema sim, penso e muuito!
 

domingo, 24 de fevereiro de 2013

R.F.Lucchetti: Memória Cinematográfica

Texto sobre o Centro Experimental de Cinema, com duas matérias publicadas sobre ele. Essa foi a sua única experiência no curta-metragem.
Centro Experimental de Cinema de Ribeirão Preto
Segundo Lucchetti, até os dias de hoje, Ribeirão Preto sequer tomou conhecimento que um dia abrigou um Centro Experimental de Cinema, talvez a mais importante entidade cultural que até hoje existiu nessa cidade, que projetou-a em todo o território nacional e além fronteiras como demonstram estes dois artigos.  Eles foram publicados anteriormente no blog, mas vale a nova postagem com este contexto que estou fazendo aqui.
O primeiro artigo, denominado “Experiências em Ribeirão” assinado pelo próprio Lucchetti e publicado no Suplemento Literário de ‘O Estado de S.Paulo’ e o segundo publicado pela revista Brasil, assinado pelo eminente crítico Vasco Granja que o denominou “Ribeirão Preto Centro do Cinema de Animação do Brasil”.
Ainda temos a acrescentar que, embora todo o entusiasmo do Lucchetti, como demostra no final do seu texto ao referir-se à promessa do auxilio pelo governo do Estado à três produções do Centro, essa promessa jamais foi cumprida.
Experiências em Ribeirão
Rubens Francisco Lucchetti

O cinema sem câmera nasceu em 1935 com o filme Cllour-Box de autoria de Len Lye, um pintor nascido na Nova Zelândia. É Cavalcanti que nos narra como tudo aconteceu: “... Recordo-me perfeitamente de quando Len Lye nos procurou para dizer que queria fazer um filme sem câmera. Foi preciso muita persuasão, muito“charme” pessoal de sua parte que o ouvíssemos até o fim. Mas ao terminar sua explicação, Grierson e eu estávamos convencidos de que ele faria. Grierson percebeu logo as possibilidades publicitárias do empreendimento e não deixou fugir a “chance”. Além do mais, a explicação de Len Lye fazia tudo parecer coisa muito simples”.

No Brasil são poucos conhecidos esses filmes para não dizer que são totalmente ignorados. Ouros nomes se alinharam ao de Len Lye na produção de filmes desenhados diretamente na película cinematográfica. Podemos citar Norman McLaren, mais conhecido entre nós, e que, segundo Cavalcanti, é um mero imitador de Len Lye.

Se essa modalidade de cinema é pouco difundida em todo o mundo, havendo pouco mais de uma dúzia de pessoas que ele se dedica, conhecemos em nosso país apenas um discípulo de McLaren: Roberto Miller, jovem publicitário paulista que embora quase desconhecido entre nós, tem várias películas premiadas em festivais internacionais e viu um dos seus trabalhos, Sound Synthetic, incluído no Festival “10 anos de filmes sobre arte” que o Museu de Arte Moderna realizou em São Paulo m 1955.

Embora tudo isso existisse, eu ignorava completamente esse cinema, tendo conhecimento somente através de livros e revistas especializadas.

“Descobri” o cinema abstrato, quando, em junho de 1960 o Clube de Cinema de Ribeirão Preto organizou, em colaboração com o Centro dos Cine-Clubes, uma sessão dedicada ao Cinema Experimental e Filme sobre Arte. Nessa noite foram exibidos alguns filmes de Norman McLaren, que chocou a alguns e maravilhou a todos. Como explicá-los? Impossível. Esse tipo de cinema não é para se “explicar” mas para “sentir”.

Desde há muito eu vinha procurando um meio de expressão que me satisfizesse plenamente através do qual eu poderia dar vazão a um novo sentido de arte: interpretar por meio de formas a música, dar movimento a um quadro abstrato ou simplesmente movimentar fantasias de “arabescos’, ‘turbilhões’ de formas, sons e cores. Tudo isso eu imaginava, “sentia” mas não conhecia e fui descobri-lo com trinta anos, com mais de dez anos de atraso, naquela memorável ocasião em que desfilaram diante dos meus olhos Stars and Stripes, Hoppity Pop, A Little Phantasy e Two Bagatelles. Para mim, estava descoberto McLaren, estava descoberto o “cinema sem câmera” – um mundo novo de formas e cores em movimento.

Os filmes interessaram a um grupo de estudantes da Escola de Artes Plásticas de Ribeirão Preto, liderados pelo escultor e cenógrafo Bassano Vaccarini, cujo entusiasmo chegou a tal ponto que o levou a fundar na Escola de Artes Plásticas, um Centro Experimental de Cinema.

Porém, os primeiros entusiasmos se foram apagando, as aulas e os problemas cotidianos foram suplantando a idéia e o número de interessados foi decrescendo até ficarem somente eu e Bassano Vaccarini.

Devido ao alto custo do filme virgem, utilizou-se de uma velha película de 16mm já usadas e sem nenhum valor. Foram gastas 6 horas para livrá-la da camada gelatinosa. No dia seguinte entregava a metade da película a Vaccarini e passei a me utilizar do restante. Pusemo-nos a trabalhar pela noite adentro e, após vários dias, estavam prontos os primeiros cem pés. Incrédulos de um resultado positivo, colocamos o filme no projetor. O momento era de “suspense”. Somente eu e ele. Apagamos a luz e fizemos o projetor funcionar. A emoção foi enorme: permanecemos calados, incrédulos do que víamos.

Meses mais tarde, tínhamos concluído o primeiro filme: Abstrações, que reúne quatro “estudos”, com a duração total de 17 minutos. Depois de concluído o “desenho” deparamos com o problema de sonorização, e que foi satisfatoriamente resolvido com a gravação em fita magnética por Milton Rodrigues, sonoplastia da PRA 7, emissora local e que já traz consigo alguma experiência, pois durante anos foi o responsável pela sonoplastia de jornais cinematográficos e até de alguns filmes de longa metragem.

O ideal seria a transplantação para a “banda sonora” do filme e copiar o que havíamos feito. Mas dado o alto custo, o filme permanece no original e a cada projeção vai se deteriorando. Acredito mesmo que não alcançará mais que uma meia dúzia de projeções pois a tinta (nanquim comum) está se desfazendo.

Estamos estudando um novo filme abstrato que terá o título de ‘Arabescos’, cujo material estamos preparando e esperamos terminá-lo no primeiro semestre de 1961.

Entretanto não é somente o cinema abstrato que tem sido alvo de nossa atenção. Também o de câmera proporciona excelente campo para o filme experimental. Estamos na fase de conclusão do primeiro que se intitula ‘Fantasmagorias’: é a movimentação de uma fantástica paisagem noturna que é mostrada ao espectador com ligeiras tomadas de grandes planos, planos de conjunto e panorâmicas. De repente começa a aparecer no filme uma série de coisas extraordinárias, como a materialização de um fantasma sobre o pântano, outro que sai do interior de um vaso e retorna ao mesmo, materialização de dois estranhos pássaros que são desintegrados por misteriosas explosões, enfim, toda uma série de fatos fantásticos acontece sobre a paisagem, até que clareia o dia e tudo volta à tranqüilidade.

Para os movimentos utilizamos folhas de cartolina preta na qual estão desenhadas as figuras, estes cartões são filmados de um a um (volta da manivela) e depois de todos filmados, voltamos o filme e filmamos o quadro, devendo sobrepor a figura anteriormente filmada exatamente nos seus respectivos lugares.

‘A Sombra’ é um novo filme em fase de acabamento baseado num conto homônimo de Edgar Allan Poe. O filme está dividido em duas partes: a primeira, representando a cidade de Ptolemais com suas ruas desertas e melancólicas; a segunda, a sala onde se desenrolará a trama. Tudo isso será feito sem nenhum movimento das figuras e sim da câmera cinematografia. Para não se cair na monotonia, tudo deverá ser feito de tal maneira que o espectador tenha a impressão de ver uma história “movimentada” quando na realidade é apenas composição de quadros estáticos.

Sobre cinema com câmera há ainda mais dois projetos para filmes, que deverão ser produzidos em janeiro de 1961.

O primeiro Tourbillon, é a movimentação de chenille, pelo processo já citado da “volta da manivela”, ou seja, para cada movimento feito nos fios de chenille, dá-se uma volta na manivela da câmera.

O segundo Cosmos, que deverá, que deverá ser feito por processo inteiramente diferente dos demais, será, uma concepção abstrata da formação do cosmos.
Todos os empreendimentos do Centro Experimental de Cinema têm sido feitos com os meus próprios recursos financeiros, daí, uma simples produção como ‘Fantasmagorias’ que poderia ser feita em pouco mais de uma semana (caso recebêssemos auxilio do governo) levou mais de seis meses para ser concluída. Assim mesmo, dado ao alto custo das cópias e “mixagens”, conservamos o próprio original e a gravação é feita em fita magnética.


O Estado de S.Paulo – suplemento literário – Sábado, 25/02/1961.
RIBEIRÃO PRETO: CENTRO DO CINEMA DE ANIMAÇÃO DO BRASIL
Texto de Vasco Granja

Esta sessão despertou tanto interesse no escultor e cenógrafo Bassano Vaccarini e no estudioso de cinema de animação Rubens Francisco Lucchetti que levaram ambos a fundar o Centro Experimental de Cinema de Ribeirão Preto.

Nas primeiras experiências efectuadas no Centro utilizou-se uma velha película de dezesseis milímetros já usada e à qual se raspou a emulsão gelatinosa. O resultado obtido, cem pés de película desenhada, deixou incrédulos os seus autores: Lucchetti e Vaccarini. Meses mais tarde tinham concluído o seu primeiro filme, ‘Abstrações’, que reún quatro estudos com a duração total de dezessete minutos. Após a conclusão desde ensaio surgiu o problema da sonorização. Foi Milton Rodrigues quem o resolveu, gravando em fita magnética um acompanhamento musical integrado no tema abstrato.

Outra experiência tentada por Lucchetti e Vaccarini foi ‘Fantasmagorias’, movimentação de um quadro estático que representa uma fantástica paisagem noturna, filmada em grandes planos, planos de conjunto e panorâmicas. O filme inicia-se com imagens da materialização de um fantasma sobre o pântano, outro que sai do interior de um vaso e regressa ao mesmo, materialização de dois estranhos pássaros que são desintegrados por misteriosas explosões, enfim, toda uma série de fatos fantásticos acontecem sobre a paisagem, até que clareia o dia e tudo volta à tranqüilidade.

Um projeto que está a ser testado é ‘A Sombra’, inspirado num conto de Edgar Allan Poe. O filme será dividido em duas partes: a primeira, representando a cidade de Prolemeis, com as suas ruas desertas e melancólicas; a segunda, a sala onde se desenrolará o drama. O clima desse filme será obtido a partir de movimentos da câmera cinematográfica e tudo deverá ser feito de modo a que o espectador sinta que está vendo uma história movimentada, quando na realidade é apenas composição de quadros estáticos. Durante o desenrolar da história ouvir-se-á o narrador contando o que se passou na terrível cidade de Prolemeis.

Para que a voz sincronize perfeitamente com a imagem, por exemplo, no momento do narrador dizer: “No espelho que o seu brilho formava sobre a mesa de ébano, cada um de nós revia a palidez do próprio rosto”, a câmera enquadrará a mesa onde se refletem, mostrando-as uma por uma, sucedendo-se os grandes planos alternados, sem panorâmicas. Os dois cineastas de Ribeirão Preto entendem ainda realizar ‘Cosmos’, fantasia de cores e formas gravadas na película preparada com uma solução leitosa e sobre a qual irá derramando tinta liquida de várias cores ao longo do celulóide em ação continua, desprezando o limite do fotograma.

Ao realizar estas experiências numa pura base artesanal, Lucchetti e Vaccarini escolheram o caminho mais difícil do filme animado, pela diversidade e complexidade dos problemas defrontados. Mas certamente que os saberão resolver com a paciência e a confiança inerentes aos cineastas da animação.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Leopoldo Pacheco

Ator. Em ‘A Escrava Isaura’, da TV Record, interpretou Leôncio Almeida. No cinema atuou em ‘Essa Maldita Vontade de ser Pássaro’ e ‘Aparecida - O Milagre’.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Por exercício, por roteiros interessantes, trabalho de amigos e etc...
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Faz poucos anos que o cinema vem tomando um espaço que foi deixado de lado por falta de um curriculum mais extenso de obras cinematográficas, de produções, que vem crescendo a cada ano, e tenho a impressão, que da mesma maneira os filmes de curta metragem tem que buscar este espaço na mídia, formando a sua própria biografia.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Me lembro de quando era criança, sempre que ia ao cinema ver um filme longa, antes assistíamos um curta, era incrível, e acho essa a melhor forma de divulgar o trabalho de cineastas de curta metragem. Queria ver os curtas de volta, antes do longa, no cinema!
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho esse um caminho natural.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não sinto assim, quem faz curta com certeza quer fazer um longa.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Adoraria!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Rossana Ghessa

 
Rossana, sabemos que nasceu na Itália e veio ao Brasil com apenas sete anos. O que não sabemos é por que e em que circustância veio para cá?
Toda a família veio migrada, a pedido do meu cunhado casado com minha irmã mais velha.
 
Seu inicio na carreira artistica foi como garota-propaganda. Quais as recordações desse período?
As recordações são de carinho e saudades das pessoas que foram importantes na minha carreira.
 
No seu currículo consta também trabalhos com fotonovelas, que muitas pessoas desta geração não fazem ideia nem do que seja. Como foi esse trabalho?
Fazer fotonovelas era um trabalho divertido e prazeroso, a diferença era na interpretação, tinha que chegar ao ideal e congelar a pose.
 
Durante um ano você foi modelo profissional da agência McCan Ericsson. Nesse momento você vislumbrava a possibilidade de ser atriz ou estava realizada como modelo?
Na verdade as coisas foram acontecendo naturalmente, o Vitor Lima, o primeiro diretor com o qual trabalhei como atriz, me viu fazendo uma apresentação de uma dança num filme americano rodado no Rio(Las Vegas a Noite) e de imediato me contratou para estrelar 3 filmes: ‘Paraíba, Vida e Morte de um Bandido’; ‘Patas Assassinas’ e; ‘007 no Carnaval’.
 
Aí não parei mais.
 
Esse trabalho na McCan Ericsson foi logo após ter ganho o concurso de Miss Objetiva?
O trabalho na McCanEricsson, foi muito bom, fui contratada por um ano de exclusividade, para ser modelo das grandes campanhas publicitarias, e para apresentar um programa infantil na extinta TV Rio que se chamava agarre o que puder, que era patrocinado por uma marca de creme dental, eu era muito jovem, não tinha noção de responsabilidade, e este trabalho me deu a consciência profissional que me faltava.
 
Como lidava com a sua beleza nesse período?
Eu não tinha noção de que era bonita, então nunca usei a beleza como arma para conquistar espaço de qualquer natureza.
 
Sua estreia no cinema foi em 1966 com o filme "Paraíba, Vida e Morte de um Bandido". O que lembra deste trabalho?
Lembro que VITOR LIMA foi um grande mestre, me ensinando com a maior paciência, e também da bofetada que Jece Valadão me deu numa cena que abriu um corte nos meus lábios, ficando 3 dias com a boca inchada.
 
Imaginava que em "Paraíba, Vida e Morte de um Bandido" você estava iniciando uma trajetória que contaria com mais de quarenta filmes?
Não, claro que não, sabia que era o que eu queria continuar fazendo ate morrer, até agora foram 57 filmes, mas pretendo fazer pelo menos mais 100.
 
A década de 70 foi a mais proficua, você fez um filme atrás do outro em produções nacionais e em co-produções. O que a década de 70 lhe traz de recordação?
Eu acredito que foi a década mais rica do cinema nacional, também foi a época mais glamorosa, com grandes festivais internacionais comandados por DURVAL GARCIA , então presidente do INC e da Embrafilmes, trazendo para abrilhantar a festa ,grandes nomes do cinema mundial, como URSULA ANDRIOX, RAFF VALONE ,ROGER MURR, RACHEL WELH, TONY CUTRS mais os diretores  VON STERNBERG e outros tantos.
 
Sua participação no teatro, se comparada ao cinema, é tímida. Quais as razões disso?
Nenhuma razão especifica só falta de tempo, mas estou corrigindo isto agora, com u belo projeto para teatro que se chama (UM MERGULHO NO UNIVERSO DA LEILAH ASSUPCAO).
 
"A Úlcera de Ouro" e "Cinderela do Petróleo", foram duas peças de teatro que atuou. Conte-nos sobre elas.
Foram musicais maravilhosos, que me deram uma grande experiência de movimento cênico, também tive o privilégio de ser dirigida por diretores fantásticos, como LEU JUSE e JOAO BITENCOUERT, ainda tem o grande prazer de ter contracenado com monstro sagrados do teatro brasileiro.
 
Você também estrelou shows produzidos por Carlos Machado. Como eram esses shows?
CARLOS MACHADO era o rei das noites carioca, montava shows grandiosos, com cenários e figurinos deslumbrantes, foi uma  época maravilhosa, e estar em cena com IRENE RAVACHE, GRANDE OTELO, ARI FONTOURA e outros de igual valor e inesquecível.
 
Maurice Capovila, Anselmo Duarte , Alfredo Sternheim Ody Fraga, Cláudio Cunha e Fauzi Mansur foram alguns dos diretores que você trabalhou.  Como é, para uma atriz, de “adequar” a temperamentos, personalidades e dinâmicas de trabalhos tão distintas?
Trabalhar com todos esses diretores maravilhosos, foi o que me enriqueceu como atriz, eles tiveram muito a me ensinar, eu garanto foi uma experiência e um aprendizado que nenhuma faculdade de belas artes pode proporcionar.
 
Em 1970, você integra a galeria de musas de Khouri em ´Palácio dos Anjos´, onde divide a cena com Adriana Prieto, Norma Bengell e Joana Fomm – dez anos depois, volta a trabalhar com o cineasta no ´Convite ao Prazer´. Como era a sua relação pessoal e profissional com o cineasta, tido como um dos mais exigentes?
WALTER HUGO KHOURI, era um gênio do nosso cinema, além de entender de uma produção, era extremamente culto, e tinha a magia de tratar as suas musas como verdadeiras estrelas. Minha relação com Walter sempre foi maravilhosa, porque havia respeito e admiração de ambas as partes, quando em cena eu era disciplinada e cumpridora das minhas obrigações como atriz, e fora de cena éramos grandes amigos.
 

Os anos 80 no Cinema nacional seriam marcados, sobretudo, pela profícua produção das comédias eróticas – as chamadas pornochanchadas. E você se tornou uma de suas maiores musas. Como lidava com esses títulos? Como era trabalhar nas pornochanchadas?
A pornochanchada como foi apelidado o gênero, (injustamente na minha opinião) era um gênero de filmes alegres, divertido, porquê tratavam o cotidiano do brasileiro, principalmente o carioca, com toda a sua malandragem e jeitinho, mas eram, também tremendamente ingênuos, como já tinha a TV, era preciso arrancar de casa o expectador, então o cinema tinha que mostrar o que a televisão não podia na época, nada mais atraente para os machões brasileiros do que lindas mulheres seminuas em cena picantes, eróticas cheias de tesão. Os donos dos cinemas riam de orelha a orelha, porque os cinemas viviam lotados, em todas as sessões.
 
Um dos seus principais trabalhos nessa época foi no filme ´Lucíola, o Anjo Pecador`, de Alfredo Sternheim, caprichada produção de época (final do séc. 19) baseada no romance de José de Alencar. Quais as recordações desse trabalho?
Era um desafio, ter que falar o português da época, a postura, os cabelos, e tudo o mais que compõem uma personagem. As recordações são as mais positivas, principalmente no que se refere ao trabalho, o Alfredo é um diretor maravilhoso, com seu carinho e atenção me ajudou a compor uma Luciola sensível e inesquecível.
 
Era diferente compor uma personagem para trabalhos nesse gênero?
Sim, e diferente, por se tratar de uma época que não foi vivenciada, requer mais pesquisa, para não erar, ai entra o trabalho do diretor, dosar as pinceladas para não exagerar nas cores.
 
Em “Carnaval Barra Limpa”, você trabalha com J. B. Tanko, o que tem a falar do diretor?
As melhores referencias, um diretor maravilhoso em tudo que fazia, além de inteligente era gentil e educadíssimo, guardo em minha memoria as melhores lembranças.
 
Você participou do ambicioso “Quelé do Pajeú”, de Anselmo Duarte, primeiro filme brasileiro rodado em 70mm, mas que não obteve o sucesso esperado. Hoje, depois desse hiato, o que acha que aconteceu para o filme não “vingar”?
Participar da produção do único filme brasileiro rodado em 70mm, foi uma grande honra, o filme foi produzido pela Columbia em coprodução com uma empresa brasileira, por alguma razão que desconheço, os produtores em algum momento discordaram, no que resultou que a Columbia se apoderou dos negativos não deixando no Brasil nem uma cópia em 16mm.
 
Mas discordo de que o filme não tenha vingado, ele foi distribuído no mundo inteiro, também foi ele que representou o Brasil em grandes festivais, como Nova Delhi, onde eu e Rui Pereira da Silva (um dos produtores brasileiros) fomos recebidos com todas as horas e pompa, por ninguém menos que Indira Gandi e toda a cúpula do governo, e mais o filme concorreu em igualdade com grandes diretores internacional como Pasolini é etc.
 
Muitos críticos consideram que as suas melhores interpretações foram nos dramas “Pureza Proibida”, como uma freira acusada de manter relações sexuais com um pescador negro e “Lucíola, O Anjo Pecador”; na comédia de humor negro “O Vampiro de Copacabana”, de Xavier de Oliveira e em “Snuff, Vitimas do Prazer”, de Cláudio Cunha. Você concorda com essas análises?
Pureza Proibida foi o 1* filme que eu produzi é interpretei, e os outros dois foram como é de minha natureza trabalhos que fiz com muita seriedade, mas devo dizer que na minha galeria de personagens maravilhosos, a critica se esqueceu de filmes como ANA TERRA / BEBEL /MEMORIAS DE UM GIGOLO, E tantos outros que parece a critica não viu, pena.
 
 “O Inseto do Amor”, de Fauzi Mansur, uma das mais surrealistas comédias eróticas da Boca. O elenco feminino desse filme é uma atração à parte: além de você tem Angelina Muniz, Helena Ramos, Zélia Diniz, Ana Maria Kreisler, Claudette Joubert, Liza Vieira, Alvamar Taddei, Misaki Tanaka etc., todas tendo seus belos bumbuns devidamente picados pelo mosquito Anophelis Sexualis. Um verdadeiro clássico!!! Pode nos contar sobre essa produção?
Fauzi é um diretor, que merece toda a minha admiração, sempre correto e atencioso, gostei de trabalhar com ele, conseguiu, em um único filme reunir tantas estrelas, que elas nem se deram conta que a verdadeira estrela do filme era o mosquito.
 
Com o sexo explícito dominando totalmente a produção de filmes da Boca do Lixo, você, assim como muitas outras atrizes, abandonou o cinema. O que tem a falar desse período?
Eu tenho certeza que para a maioria dos profissionais, foi um período triste, o que todos queriam era trabalhar em filmes maravilhosos, que divertissem o publico, que as famílias pudessem se divertir juntas. O sexo explicito foi uma deformação da cabeça de alguns diretores malucos, que acabaram confundindo as coisas não tenho nada contra que faz, mas fazer comedia erótica é uma coisa, fazer pornô e outra completamente  diferente, cada gênero tem seu espaço. Eu não abandonei o cinema, mesmo porque trabalhar com arte é a única profissão que tenho, foi o cinema que por um longo período me deixou de lado.
 
Quais as razão que a fizeram se afastar das telas no final dos anos 90?
Bom: tenho certeza que a maioria dos profissionais da indústria cinematográfica, involuntariamente claro, teve que parar de fazer cinema e dedicar o seu tempo a outras áreas da arte, como TV, teatro ou documentários até mesmo publicidade, com a chegada de Collor à presidência, todas as portas foram fechadas, a Embrafilme, o INC, e ate as distribuidoras que eram parceiras dos produtores, a maioria fechou as portas, o cinema ficou órfão até que se criasse um novo modelo, que é o que permanece ate hoje, espero que continue.
 
Você tem uma produtora de filmes, a Verona Filmes, que produziu seu último filme “Adágio ao Sol”. Como é o seu trabalho na empresa?
Além de ser sócia, dirijo a empresa.
 
Sente falta de trabalhos como atriz?
Muito, o trabalho de atriz me da grande prazer, a vida seria muito triste se não pudesse mais trabalhar.
 
É reconhecida nas ruas? Se sim, qual é o perfil das pessoas que te reconhecem?
Por incrível que possa parecer as pessoas ainda me reconhecem, recebo varias mensagens pelo Facebook, a maioria de jovens que viram os meus filmes no Canal Brasil, e também muitos da minha geração.
 
Para finalizar, gostaria de saber como é o seu dia a dia.
O meu dia a dia, esta longe de ser o que as pessoas imaginam, levo uma vida igual a todo mortal, vou a academia, cuido da casa e também da empresa, além de ter tempo para a família e os amigos.
 
Agora estou empenhada num projeto teatral, que se chama (UM MERGULHO NO UNIVERSO DE LEILAH ASSUPCÃO) vamos fazer 10 leituras dramatizadas das pecas que já foram publicadas, com galeria de fotos, e encenar RODA COR DE RODA.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Roney Facchini

Ator. No teatro, atuou na montagem de "Você Vai Ver o que Você Vai Ver", de Raymond Queneau, direção de Gabriel Villela, Na televisão, participa em "As Pupilas do Senhor Reitor" (1995); "Roda da Vida" (2001); "Carandiru, Outras Histórias"; "Bang Bang" (2005); "A Diarista" (2005); "Malhação" (2008); e "Caras e Bocas" (2009). No cinema, atua em "Eliana em O Segredo dos Golfinhos" (2005); "O Caderno Rosa de Lori Lamby" (2005); "Não Quero Falar Sobre Isso Agora" (1991), "Beijo 2348/72" (1990); e "Lua Cheia" (1989), entre outros filmes.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O roteiro, o diretor e as possibilidades de combinar teatro e as datas de filmagem, por ultimo se é um  bom personagem
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque tudo que se refere à cultura é absolutamente acachapado da vida dos cidadãos comuns, só quem cava profundamente e exaustivamente encontra cultura aqui no Brasil, e cinema/curta-metragem é pura cultura.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público
Confesso que não sei, seria leviano se me posicionasse sobre exibição.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Possível sempre é, a questão é se vale a pena.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acho que não.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Nunca dirijo teatro que é diametralmente oposto à direção do cinema. Nunca tive nem o sonho, nem a vontade, nem nada em relação a dirigir cinema.