domingo, 25 de agosto de 2013

Kika Nicolela

Graduada em Cinema e Vídeo pela ECA/USP em 2000, Kika Nicolela atualmente realiza mestrado em Artes Visuais na Universidade de Artes de Zurique (ZHdK). Já participou de mais de mais de uma centena de exposições individuais e coletivas na Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Canadá, Chile, Coréia do Sul, Eslovênia, Espanha, EUA, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Itália, Polônia, Portugal, Suécia e Suiça com vídeo-projeções, instalações e fotografias.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O curta-metragem, especialmente o tipo de curta que realizo, me dá total liberdade de experimentação e linguagem. Tem menos amarras comerciais, ou nenhuma aliás, o que significa controle criativo total. E gosto de realizar os projetos de forma dinâmica, enquanto a vontade e a idéia estão frescas.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O curta-metragem atinge um nicho de público bem limitado, em termos de número pelo menos. Acho normal. Mas acredito que no Brasil exista até um espaço maior do que na maior parte dos países, ou pelo menos em São Paulo, graças principalmente ao trabalho de alguns festivais muito bem sucedidos. Raramente se vê sessões de curta-metragem lotadas em festivais estrangeiros, coisa que acontece em São Paulo.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Gosto da ideia de retomar aquela lei que colocava um curta antes de longa-metragem nas salas comerciais. Ajudaria a formar um público mais diversificado. Mas acho que cada vez a internet e o celular (e tablets) são veículos ideais para o curta-metragem, mais até do que o cinema e a televisão. O "attention span" das pessoas está cada vez menor, e de certa forma o curta está se tornando um formato que aponta para novos caminhos, mais do que o longa-metragem, e se adapta melhor a essas novas formas de compartilhar o audiovisual. 
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho que cada vez mais os realizadores estão fazendo de tudo. Temos mil projetos paralelos, e tudo meio se complementa. Eu não consigo entender o curta como trampolim somente, porque existem projetos que são para o formato curta mesmo. Já realizei longas-metragens documentais, mas nem por isso deixei de me interessar pelo curta, pelo contrário. E tem ainda outros formatos, a série, o média, o vídeo pra celular, o vídeo para exposição em galerias/museus (que é o que mais faço), a performance em vídeo, enfim, vários outros modos do audiovisual que estão, na minha opinião, convergindo e alimentando uns aos outros.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acharia estranho se fosse. Claro que existe um status em fazer longa-metragem, mas daí até marginalizar o curta-metragem… 
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Claro.