sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Franz Valla

Produtor-Executivo de Cinema.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O curta é uma produção mais simples, que envolve uma equipe menor e a captação é mais rápida. Não que seja mais fácil do que produzir um longa, mas é algo que, desde a concepção até o produto final, pode ser aprontado em pouco tempo. O curioso é que as produções com as quais estou me envolvendo nascem da ideia de serem curtas, mas se tornam longas. ‘Ota, o Filme’ e ‘O Tempo’, dos diretores Tatiana Issa e Raphael Alvarez, esses mais recentes, foram concebidos como curtas e acabaram se tornando longas ao percebermos que o material era vasto.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O curta, devido a sua estrutura, não aborda temas com profundidade e por isso não é visto como obra de impacto com relevância mas o problema mesmo é a falta de canais de distribuição para que possam ser mais vistos e comentados. No momento o único espaço são os festivais.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Houve um tempo em que era obrigatória a exibição de curtas precedendo aos longas-metragens nos cinemas brasileiros. Essa lei deveria vigorar novamente para garantir um mercado ao curta.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
É possível sim e, ao contrario do que se pensa por ai, é preciso ser gênio pra amarrar uma historia bem contada em pouco tempo de projeção. A vantagem do curta, como já disse, é que pode ser produzido em pouco tempo e não há nada mais agradável para o cineasta do que concluir uma obra e já partir para outra. Todo mundo quer fazer um longa, mas se sente inibido pelas dificuldades de captação e produção.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
De forma alguma. O que preocupa os cineastas é o pouco valor comercial dessas peças.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
A gente nunca sabe o dia de amanha mas não tenho essa ambição. Os diretores com os quais eu trabalho tem muito mais talento pra fazer isso.