domingo, 15 de fevereiro de 2015

Isabel Wilker


Atriz, modelo e apresentadora do programa Bastidores, exibido no Multishow. 

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Hoje eu sigo os mesmos critérios para escolher os trabalhos que faço. Leio o roteiro com cuidado, acho que essa é a parte mais importante. A ideia, a história tem que me pegar de algum jeito - por ser um desafio, por ter uma equipe da qual eu queira fazer parte, por me inspirar... não gosto de fazer algo por fazer. Não importa se é um curta, um longa, uma série de TV, uma peça de teatro - se a proposta me interessar, se o projeto fizer sentido pra mim, faço com prazer.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Já fiz cinco curtas desde que comecei a trabalhar como atriz, e estou me preparando para rodar o sexto em fevereiro. Rolou de tudo um pouco, curta de amigo, TCC de faculdade de cinema, filme super amador, outro mais profissional... Em muitos casos, os curtas não têm muita grana, então acabei me envolvendo mais pessoalmente com alguns projetos. Topei fazer sem cachê, emprestei minhas roupas, liberei a casa para a locação. Mas eu gosto disso, todo mundo se ajuda e faz uma coisa legal.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não sei te dizer. Não é um formato que receba muito destaque mesmo, a não ser dentro dos festivais específicos. A internet acaba sendo o maior meio de divulgação desses filmes. É uma pena, mas ao mesmo tempo, me parece que esse é o caminho - a internet está em todos os lugares, e ela tem se mostrado uma ferramenta muito eficiente para divulgar, bom, de tudo... Mas é importante reconhecer esse espaço, porque funciona.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Fico pensando que ao invés de vinte minutos de trailers antes da exibição de um longa, por que não um curta? Ou de repente uma sessão no cinema com três ou quatro curtas também poderia ser uma tentativa... mas acho difícil encontrar esse espaço nas salas de cinema hoje em dia. Ainda é complicado distribuir um longa nacional, então me parece que a internet é mesmo o caminho para chegar nas pessoas, por enquanto.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sinceramente, acho que qualquer projeto pode ser um grande campo de liberdade para experimentação. Entendo que muitas vezes, em projetos maiores e menos independentes ou alternativos, a gente tenha que seguir os padrões do projeto e não os nossos. Por isso os projetos menores, como um curta, podem ser mais livres. Muitas vezes eles são mais pessoais e autorais. Sem dúvida, é algo para saborear e aproveitar, é assim que se descobre estilo, que se cria linguagens; é assim que descobrimos o que queremos dizer para os outros. Mas realmente acredito que podemos levar a liberdade que temos dentro de um projeto pessoal para pelo menos alguns dos nossos outros projetos.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Bom, eu já fiz cinco curtas e ainda não fiz um longa... (risos). Não saberia dizer o que é um trampolim para o que nessa profissão. Acho que o verdadeiro trampolim talvez seja a dedicação, o estudo, um pouco de sorte (?) e muita vontade de fazer isso que a gente faz.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não acredito que exista uma receita. Como acabei de falar na resposta anterior, é uma combinação de muitas coisas. Nada é garantia de nada. E quando penso no meu trabalho, no meu futuro, eu penso em permanecer - e talvez essa seja a verdadeira vitória pra mim - poder atuar por muito tempo, poder fazer o meu trabalho cada vez melhor. Quero alargar a minha experiência da vida, do mundo, quero conhecer mais pessoas e lugares, e quero trabalhar muito no teatro, na televisão, no cinema. Enfim, acho que a receita pode ser o desejo - mas isso não é só pro audiovisual brasileiro. É mais pra vida mesmo.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Nunca pensei nisso. Mas fico observando meus amigos, meus colegas, meus pais, e vejo que esse desejo de dirigir (ou produzir também) aparece em algum momento, quase sempre. Talvez seja uma maneira de se reinventar, de descobrir um território inexplorado dentro da própria casa, por assim dizer. Quem sabe um dia?