domingo, 15 de fevereiro de 2015

Rhena de Faria


Palhaça e atriz-improvisadora na Cia. do Quintal. Atua no espetáculo Jogando no Quintal desde 2004.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Roteiros interessantes e o desafio de atuar num registro diferente do meu habitual, visto que sou palhaça e atriz-improvisadora.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Fiz alguns curtas, todos universitários. Um era conclusão de curso da FAAP e os outros todos da ECA. Acho que o curta de maior repercussão foi "Nossos parabéns ao Freitas", dirigido pelo Felipe Sant'Angelo. Minha participação era pequena, mas gostei muito de fazer, me diverti à beça. A primeira vez que fiz um curta foi também a primeira vez que fiz cinema. Lembro-me que me impressionou descobrir o quão coletiva é a arte do cinema. Eu que até então achava que o teatro era a arte mais coletiva de todas. No cinema todos viram formigas operárias, muito donas de seu trabalho, e sempre dependendo do outro para poder realizar o seu. E isto agregado ao fato de que num curta universitário estão todos aprendendo e quebrando a cabeça juntos para buscar a melhor luz, o melhor enquadramento, e eliminar assim qualquer possibilidade de erro antes de rodar - sobretudo se o filme é feito em película, material geralmente escasso nas universidades.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Eu respondo a essa pergunta com outra pergunta: o que é que hoje tem realmente a atenção da mídia em geral, que não seja crimes sensacionalistas, escândalos políticos e fofocas de celebridades? Qual forma de arte goza deste privilégio? Fazer arte com dinheiro nos possibilita comprar uma boa publicidade, o que é bacana. Mas será que existe algum filme ou peça que tenha assim tanta reportagem? Acho que o melhor meio de comunicação do planeta ainda é o boca a boca. O público chama o público.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Eu precisaria conhecer melhor esse mercado para fazer sugestões.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Toda e qualquer forma de arte independente, que não tenha rabo preso com um patrocinador pode ser um grande campo para a experimentação.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não creio que seja um trampolim. Não gosto desta palavra, pois me traz o sentido de atalho. E acho que a arte deve ser realizada como um fim e não como um meio para se chegar a outra coisa. Prefiro dizer que o curta-metragem é uma boa escola, uma interessante forma de treinamento para se entender o que é cinema e como fazê-lo.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sou cineasta, nunca venci e nem pretendi vencer no audiovisual brasileiro. Não tenho propriedade para responder a esta pergunta.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Quem sabe.