domingo, 1 de março de 2015

Marcelo Brennand


Cineasta. Dirigiu o documentário Porta a Porta – A Política em Dois Tempos.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Independente da dimensão da produção ou tempo do filme, meu critério num projeto cinematográfico nasce a partir de uma inquietação pessoal de comunicação com o público. Não que eu atue somente em projetos nos quais identifico, mas acredito sim que tendo em vista o foco do curta metragem ser tão específico, necessitando de uma maior atenção em vários aspectos, me proponho a participar de projetos que devam ser passados ao público em geral,  que possuem uma mensagem e que de algum modo vão permanecer na memória de cada telespectador.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
A minha experiência com curta metragem foi ao mesmo tempo sofrida e divertida. Contei com uma equipe motivada, disciplinada e apaixonada pelo o que faz, proporcionando, assim, uma sinergia incrível no set de filmagem. Ademais, nos projetos nos quais participei, mesmo sempre com orçamento baixo, o coletivo e a paixão pelo que eu faço falam mais alto e compensam o stress do cotidiano e os problemas imprevisíveis que ocorrem durante a filmagem.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Evidentemente existe uma limitação de curtas metragem no circuito comercial de cinema e mídia em geral, porém devemos ter o discernimento que nem todos os projetos são realizados para terem a mesma dimensão. Afinal, a razão pela qual os curtas não possuem tanto espaço nas críticas, se deve ao fato de possuir um público especial, específico, e, ao mesmo tempo um tanto plural. Desse modo, defendendo essa diversidade, devemos mostrar a mídia em geral que é possível equalizar o que assistimos, ou seja, ver tanto os filmes de grandes públicos, bem como aquele que é pequeno e nem por isso é menos interessante.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
A princípio, não saberia prever como seria a recepção do público, mas seria interessante voltar a prática de tempos atrás e exibir um curta metragem antes das sessões principais nos cinemas.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
No meu ponto de vista, o curta-metragem em razão de ser um projeto de baixo orçamento, sem grande apelo comercial, proporciona uma maior liberdade para a improvisação aos realizadores e consequentemente uma menor pressão. Sendo assim, os realizadores do projeto focam nas experimentações, inovações e até mesmo colocam uma porção de sua personalidade em cada projeto.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Obviamente que através da realização de uma curta metragem, o diretor consegue mostrar sua capacidade em dirigir um filme maior, adquire uma musculatura, tendo em vista que nas produções de curtas metragem, acaba por adquirir uma vasta experiência no set. No entanto, não se pode olvidar em cair na armadilha de achar que é mais fácil, uma vez que, tanto o curta como o longa metragem requer de uma infinidade de detalhes e o empenho em cada um tem que ser o mesmo.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
A regulamentação de financiamento do cinema brasileiro passou por uma grande transformação, consequentemente o cinema nacional vem cada vez mais ocupando seu espaço, aliás, diga-se de passagem, mais que devido.  Desta forma, é difícil ter uma receita, já que cada obra tem sua peculiaridade, sua paixão e carisma, porém, acredito,  mesmo sendo um tanto sucinto, que a melhor forma para atingir o seu objetivo é confiar em sua própria intuição.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Mantenho o horizonte sempre aberto a novos projetos.