terça-feira, 10 de março de 2015

Ninho Moraes


Professor de cinematografia e cineasta. ‘Futuro do Pretérito: Tropicalismo Now!' é um filme dirigido por ele.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Comecei minha carreira em cinema, nos anos 80, realizando dois curtas em 35 mm, com financiamento da extinta Embrafilme. Sempre foi um desafio da busca por novas linguagens, o que acredito ter conseguido em ‘Branco & Preto’, com Bete Coelho, e produção da Superfilmes. Hoje em dia, o desafio é igual. Recentemente, fiz um documentário (pouco mais do que) curta chamado ‘100% Jardim Ângela’, junto com Lili Bandeira. E foi interessante usar um tema social com linguagem experimental.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Na verdade, há uma enorme diferença dos anos 80, quando realizei ‘Ondas’ e ‘B&P’, no quesito técnica e tecnologia. Mas o espírito é o mesmo. Sensação de frio na barriga, de descoberta na hora do set e, especialmente, no exercício da montagem.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Apesar do belíssimo trabalho realizado pela Kinoforum e pelo Festival Internacional de SP, a mídia como um todo encara como subproduto ou algo para iniciante. O que definitivamente não é. As TVs a cabo, com a nova Lei do Audiovisual, tem apelado para exibição de curtas como forma de cumprir as cotas e as regras... Quem sabe....

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Um acordo com os Mercados Distribuidor e Exibidor para as grandes salas – uma negociação sempre mal feita. Um acordo com as emissoras abertas também. E uma política de educação, com um olhar mais para BBC do que para a política...

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim, sim e sim. Abertura de olhos e ouvidos em todas as áreas... inclusive figurino, maquiagem, técnica etc....

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Pode ser, mas não é o canal necessário. Isso passou. Dá para ser curta metragista a vida inteira, sem medo de ser feliz.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Estudo e pesquisa, pesquisa e estudo. Hoje em dia, as pessoas tem se perdido em cópias fáceis, em efeitos da moda e em novidades tecnológicas. Tem de ir além. Tem de ouvir a equipe e saber conduzi-la...

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sempre, embora ele esteja mais para o formato televisivo e menos para a grande tela. Talvez por oportunidade, talvez por necessidade. Se pintar convite, melhor ainda...