sábado, 7 de março de 2015

Tony Giusti


Formado em Artes Cênicas pelo Teatro Escola Célia Helena, em 1992. Em 2002, fundou o Nosso Grupo de Teatro. Como diretor desse núcleo desenvolve pesquisa na área de dramaturgia e já levou a cena seis textos de sua autoria, entre adultos e infantis.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Com certeza o primeiro estímulo é o argumento. Tendo como minha primeira opção profissional a carreira de ator, o que mais me chama a atenção é o roteiro e as possibilidades da personagem. Recentemente filmei um curta que praticamente não havia cachê, mas o roteiro era muito bom e instigante. E lá fomos nós. Foi muito bom.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Sempre muito gratificantes, porque embora na maioria as vezes sejam realizados por jovens recém saídos das universidades, com poucos recursos e precariedade na produção, a entusiasmo deles e a abertura para opiniões dos atores em relação aos personagens para que tudo saia o melhor possível é sempre considerada, possibilitando diálogos interessantes, construtivos.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que é a velha questão do ovo e da galinha. Não conseguimos espaço porque não há grande interesse do público, ou não conseguimos público porque não conseguimos mídia. Mídia vive de anúncios, e se não há interessados em determinados assuntos, ela não se interessará muito por esta ou aquela matéria. A mídia corre atrás da sobrevivência, em primeiro lugar. A esse tipo de produção alternativa, sobram os espaços que também sobram nos veículos de comunicação. Aquele "cantinho" que precisa ser preenchido da página. E devido a grande demanda por esse tipo de publicação, a concorrência tende sempre a se acirrar.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Sempre achei que uma excelente forma de proporcionar visibilidade a esse tipo de produção, seriam as escolas. Uma vez por semana as escolas proporcionassem sessões desse vídeos (curtas), se possível com diretores, e o que for possível para conscientizar a garotada de que esse tipo de produção existe e que pode ser uma ótima forma de diversão. Debates seriam bem-vindos e claro que a longo prazo, com certeza geraria mais público para os longas, Tipo, formação de público mesmo. Outra alternativa era negociação com TVs abertas (digo as grandes redes) que poderiam reservar um horário especial para exibição desses curtas, entre uma produção própria e outra, com apoio governamental, já que estamos tratando de cultura ou que essas sessões fossem patrocinadas por grande empresas que entrariam como anunciantes... Do jeito que está sendo feito, está bem difícil. Não se forma nada, Curtas como uma forma alternativa para público alternativo... não vejo muitas possibilidades disso dar certo a longo prazo ou com alguma finalidade específica além de manutenção de egos.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Tudo é relativo. Há sempre uma certa liberdade, mas é também relativa. Acredito e acho fundamental a liberdade para experimentação, mas se ela vira improviso, como arte não acho que possa ir muito longe. Acho, - como homem de Teatro - que a verdadeira liberdade está na rigidez com que se obedece a determinados princípios inerentes a cada tipo de arte.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acredito que para um diretor, uma equipe de produção sim. Para atores, pode até abrir portas, dar visibilidade, mas também penso que o profissional sério, atuará em ambos com a mesma paixão e profissionalismo.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Acho que é resposta que o mundo inteiro busca. No momento só vejo a possibilidade de acreditar no próprio projeto, correr desesperadamente atrás de parcerias, patrocínios e editais. Conseguindo vencer essas etapas, acho que um profissional do audiovisual já pode se considerar um vencedor, um herói com todos os méritos. Um profissional que precisa ser respeitado. Se após essas etapas ainda conseguir realizar uma obra no mínimo interessante, o mundo lhe pertencerá.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim, penso. Tenho roteiros já prontos e no momento certo, pretendo dar início às produções. Mas, como homem de Teatro, repito, teatro tem sido minha prioridade. Então acho que o audiovisual ficará para um tempo em que possa me dedicar a ele com tanta paixão como essa que dedico ao teatro.