domingo, 1 de março de 2015

Vera Abbud


Foi o primeiro clown brasileiro a integrar o projeto Doutores da Alegria deWellington Nogueira, onde trabalha dede 1991.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Participei de curta-metragem de amigos que cursavam a ECA-USP e fiz a figuração da figuração. Se não me engano era do Rubens Rewald. Isso faz muito tempo nos anos 80/90. Eu era estudante e passamos a noite numa sala de aula gravando. Fizemos por diversão e amizade. Ainda não era atriz, estudava biologia na faculdade. Depois participei de dois documentários, já como atriz e palhaça: um sobre o Doutores da Alegria e outro sobre a poeta Orides Fontela. O filme sobre os Doutores foi a filmagem de um trabalho que faço como palhaço desde 1991. E o documentário sobre a Orides Fontela foi o convite feito pelo Ivan Marques para o Cia As Graças e que nos permitiu mergulhar na obra dessa poeta ainda pouco conhecida.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Participei do documentário sobre o Doutores da Alegria, mas era um longa-metragem e talvez por ser filmado de forma extremamente descontraída e sutil, pois era filmado dentro de quarto de hospitais da forma mais invisível possível, não tive a sensação de estar num longa metragem. Foi uma experiência muito deliciosa, pois não nos tirou do nosso cotidiano de trabalho, a equipe de filmagem era ótima e a diretora Mara Mourão com seu filme tornou acessível um trabalho que é feito para poucas pessoas dentro dos hospitais.

Fiz também um documentário com o Cia Teatral as Graças da qual faço parte: "Orides - A um passo do pássaro", sobre a poeta Orides Fontela, dirigido pelo jornalista Ivan Marques para a TV Cultura. Muito sensível, nos apresentou a obra da poeta, desconhecida para nós até então, e principalmente conhecer a vida, entrevistas, a pessoa Orides Fontela. Sua vida intensa e atribulada, concisa, precisa e contundente com as palavras na vida e na obra.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Os jornais e críticas tem pouco espaço para a diversidade de produtos culturais que é feito hoje em dia. Não creio que as críticas de jornais e mídia em geral darão conta de divulgar, comentar, apoiar o que não esteja no eixo de uma maioria. Talvez o caminho seja espaços como blogs, Youtube! e outros que possibilitem o acesso aos curtas que é uma forma bem apropriada a esse tipo de mídia.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Minha paixão por curtas veio de uma mostra feita pelo MIS de curtas premiados há muitos anos atrás. Vi quase todos e tenho muitos deles ainda gravados na memória. Pois são poesias, num curto espaço de tempo conseguem mover muita coisa dentro da gente. Mostras e festivais tendem a atrair mais a atenção. Permitem uma visão mais abrangente, fomentam a discussão, geram interesse.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Penso que sim. No teatro, os festivais de cenas curtas tem sido bons incentivos para a criação de espetáculos. Pois permite a apresentação precoce de uma cena, a discussão com o público e com os outros participantes do festival. Permite sentir se estamos indo no caminho certo. Nos dá mais direção e amplia a conversa com o público e a troca com colegas de profissão. Imagino que no cinema deva ser parecido.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Incentivo cultural, apoio financeiro, continuidade, liberdade de criação, formação de público, trabalho, inspiração e sorte.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Quem sabe?