quinta-feira, 9 de abril de 2015

Célia Catunda


Artista visual, explora diversas linguagens e técnicas de desenho e animação. Em 1989, criou junto com Kiko Mistrorigo, a produtora de animação TV PinGuim. Entre seus trabalhos, destacam-se o vídeo Nome (1993), realizado a partir de poemas de Arnaldo Antunes; o quadro Poesias Animadas (1994), dentro do programa Castelo Rá-Tim-Bum, na TV Cultura; a série de animação Rita (1994). Recebeu o Prêmio para Realização de Curtas-Metragens do Ministério da Cultura, 1998, com o qual realizou o piloto da série de animação ‘Escaleno’.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
A possibilidade de trabalhar com criações e produções mais livres dos formatos e demandas do mercado da TV comercial.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Fizemos alguns curtas de animação no início da produtora. Foram ótimas oportunidades criativas: A Família, Silêncio, A Empadinha, entre outros. Através dos curtas, nós participamos de diversos festivais internacionais e começamos a estabelecer contatos em diversos países. Além disso, os curtas serviram como o portfólio da produtora.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Infelizmente os curtas têm pouca visibilidade para o grande público e acabam sendo mais conhecidos dentro do próprio meio do audiovisual.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Para atingir mais público o ideal seria que os curtas estivessem na TV. Como as Tvs precisam preencher a grade, e não tem condições de comprar um a um, seria interessante se alguém fizessem um programa só de curtas, e que fosse responsável pela curadoria deste programa. Hoje há o canal curta, que pode criar um espaço interessante para este formato.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sem dúvida. É o melhor formato para isso.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não exatamente. Mas acredito que seja uma grande oportunidade de aprendizado.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Muuuuuita paciência. Há muita burocracia e os projetos acabam demorando demais para se viabilizarem. Claro que além disso, você precisa ter muita determinação, pois vai ouvir muitas negativas no processo. Peixonauta, por exemplo, foi recusado por praticamente todos os canais e editais para produção, antes de fecharmos com a Discovery Kids. Hoje é lider de audiência na TV a cabo no Brasil e já foi vendido para 78 países. Precisa acreditar.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Atualmente estou trabalhando principalmente com séries animadas e o trabalho é exaustivo. Considerando todas as etapas desde a sinopse de cada episódio até a pós, você pode imaginar o volume... Não sobra tempo para pensar em um curta, infelizmente.