quinta-feira, 9 de abril de 2015

Patrícia Pichamone


Atriz. Atuou nos filmes: ‘Manual Para Atropelar Cachorro’, de Rafael Primot; ‘Entrelinha’, de Ariel Schvartzman; ‘Amores Imperfeitos’, de Márcio de Lemos; ‘Confia em Mim’, de Michel Tikhomiroff; entre outros.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Primeiramente se o roteiro me agrada. Mas o meu "sim" está associado a vários outros aspectos. Já aceitei por me apaixonar por uma personagem ou por admirar o diretor e/ou a equipe envolvida.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Meu primeiro curta-metragem fiz no Rio de Janeiro com o diretor Márcio Melges. O curta foi o "Oi Laura, oi Luis". Eu tinha uns 20 e poucos anos, recém-formada na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) e foi uma experiência incrível!!! Achei o máximo o desafio de fazer a última cena na primeira diária. (Risos). O cinema tem isso e é desafiador. Exige muita concentração e entendimento. Fiquei amiga do Márcio e sou até hoje. Alguns curtas que fiz tinham uma produção bacana, outros nem tanto. Mas aprendi muito com todos eles. "Guerrilha Produções Artísticas". (Risos). Tive a oportunidade de trabalhar com atores maravilhosos como Berta Zemel, Henrique Schafer, Sergio Mastropasqua, Clarissa Kister, Rafael Primot, entre outros. Adoro filmar.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que curtas-metragens ainda são vistos como treinamento, experimento.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que a saída atual para a exibição de curtas é a associação das produções para que sejam exibidos vários filmes em conjunto. Já existe isso, mas acho que teriam que haver mais Mostras, mais incentivo para a formação de uma plateia ainda maior para curtas. Essas Mostras ou mesmo associação de produções por temas, por exemplo, podem criar ganchos melhores para a divulgação dos trabalhos.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim. Com certeza absoluta. Como atriz posso dizer que a "entrega", o "poder errar" e "experimentar" aumentam consideravelmente. E acredito que essa liberdade se estende para todas as outras funções.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa? 
Não necessariamente. Até porque não é um veículo que divulga seu trabalho a esse ponto. Acho sim que é um grande treinamento para se fazer um longa. A experiência com curtas me ajudou bastante com relação a compreensão da linguagem (bem diferente da do teatro), ao ritmo de um set, o aprendizado também das funções de cada técnico, da continuidade (principalmente emocional), da dinâmica técnica que você precisa abstrair e ao mesmo tempo ficar ligada em tudo, enfim. Uma concentração que precisa ser treinada.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Fazer, fazer, fazer! Acreditar nos projetos, acreditar na nossa capacidade artística e de inovação. Batalhar politicamente para que cada vez mais tenhamos leis de incentivo apropriadas para este seguimento.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não. Ao menos por enquanto ainda não me passou pela cabeça esta ideia. Tenho muitos projetos como atriz e não pararia isso para me aventurar numa empreitada em que eu teria que estudar bastante para executá-la com dignidade. Sou atriz e quero gastar meu tempo com isso, neste lugar. Que venham os roteiristas, os diretores e os fotógrafos. Cada um no seu lugar!