segunda-feira, 8 de junho de 2015

Jesuíta Barbosa


Ator. Atuou em “Serra Pelada”; “Praia do Futuro”; “Tatuagem”; entre outros.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O que interessa são os valores artísticos do projeto. Quanto topo fazer um trabalho, não interessa se é longa ou curta-metragem, minha motivação é no poder de modificação da obra para o social.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Há um curta chamado "O Melhor Amigo" que foi todo filmado no Cumbuco - CE. O elenco teve alguns dias de preparação com a atriz Marcélia Cartaxo. É na preparação onde percebemos a cena com outros pontos de vista, para assimilar as idéias e tentar um consenso, mas nunca há uma definição de cena imutável. É preciso destreza para contar uma estória visceral em pouco tempo de filmagem: tivemos uma semana para fazer isso, e vários amigos para colaborar e pensar junto, como o Allan Deberton, que assina a direção e o roteiro.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não vejo isso como um problema de comparação: longa x curta. Quando o filme se destaca, ele acaba sendo divulgado e ganha o espaço merecido. Muitas vezes um filme é super divulgado e a produção nem tem consistência dramática. O interessante em relação aos curtas é que a divulgação acontece muito no famoso boca a boca. Ganhar espaço na mídia, seja ela qual for, nos dias de hoje se deve a promoção inteligente: saber vender um peixe é uma arte, imagine você quando o peixe é pequeno.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Os curtas ganham cada vez mais área nos espaços culturais, mas eu gostaria de ver mais interferência nas grandes salas de cinema, multiplex, kinoplex e etc. Poderíamos ter um projeto de lei que contemplasse isso: uma sala reservada para curtas, quem sabe. É pensar alto? Ótimo!

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
O grande campo para a liberdade de experimentação é a própria arte. As produções em curta metragem tem de parar de se apresentar como experimentais, soa como uma desculpa camuflada. A experimentação acontece antes e durante, mas sempre chegamos a um resultado final, concreto.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Penso que sim, assim como fazer um longa serve de trampolim para um curta: foi o meu caso. Não meço valores aqui. Produções podem ser de qualidade independente do tamanho, só precisamos de força e fé no trabalho.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Tenho um projeto sendo construído em parceria com João Fabio Cabral, que está escrevendo o roteiro de um curta que quero dirigir. Almejo falar sobre as relações de pessoas próximas a mim, sobre o real do mundo dos outros, que é meu. Ainda divago acerca do projeto, mas acho que ai está a receita para iniciar qualquer obra: dialogar com o intimo.