domingo, 5 de julho de 2015

Alexandre Contini


Ator, diretor e produtor. Como diretor teatral assina os espetáculos “Às Terças” e “Casório”.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Em primeiro lugar a minha paixão pelo cinema, acho que independente de ser um curta- metragem ou um longa-metragem, fazer cinema é muito bom! E se a ideia for boa, aí é melhor ainda! No cinema, isso eu falo por mim, uma boa ideia, um bom roteiro, uma boa proposta de filmagem, me instigam muito mais do que qualquer outra coisa. E o curta-metragem é importantíssimo, ele viabiliza de uma maneira mais prática e mais barata, a realização de grandes ideias, e se tornam em muitos casos, embriões para futuros longas-metragens. Eu acho muito gostoso fazer um curta, a responsabilidade é a mesma, o barato é o mesmo e o tempo de trabalho é menor, o que é bom também, por que deixa sempre aquele gostinho de quero mais.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
A minha primeira experiência no cinema foi em um curta-metragem chamado “Todos os Dias são Iguais” do diretor mineiro Carlos Gradim. Era uma participação pequena, mas me despertou para o cinema. À partir daí fiz muitos curtas, o que me rendeu  experiência para outros trabalhos. Com os curtas,  aprendi que o “tempo” no cinema é diferente, que todos os profissionais e suas funções são de extrema importância e fundamentais para funcionamento dessa engrenagem e consequentemente responsáveis pelo resultado final. Aprendi e vivenciei a importância do fotógrafo, do diretor, do roteirista, do montador, os termos técnicos, enfim... obtive um  conhecimento que os curtas, por terem acontecido com mais frequência na minha carreira, me propiciaram.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Realmente não sei. Na minha opinião, a mídia vende o que a grande maioria da sociedade quer comprar, então eu acho difícil a mídia vender curtas-metragens para uma sociedade que, talvez por falta de conhecimento, só queira comprar longas-metragens. Acho que é isso, talvez um problema cultural, quem sabe até influenciado pelo cinema norte-americano. Mas sou otimista, acho que em um futuro próximo as coisas tendem a melhorar e esse quadro a mudar de figura a partir da grande evolução do cinema nacional que estamos acompanhando. Hoje já existem canais de cinema com exibições de curtas-metragens, festivais com mostras competitivas, os adeptos do cinema nacional também vem crescendo, as faculdades aumentando... o interesse pelo cinema hoje em dia é muito maior, acho realmente que a tendência é melhorar e mudar.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Poderiam ser exibidos nas salas de cinema antes dos filmes por exemplo, ou quem sabe exibições em TVs abertas como os longas, exibições  em grupos de quatro ou cinco curtas Acho que deveriam investir em espaços que atinjam a grande maioria da população.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acho que sim, por que os riscos são menores e a praticidade é muito maior, não estou dizendo que não existem riscos em um curta-metragem, sempre tem, mas com certeza são menores e isso propicia uma ousadia maior. Hoje podemos assistir a uma variedade enorme de curtas-metragens, com linguagens completamente diversificadas, com roteiros super criativos, que são frutos de ideias maravilhosas, das mais loucas possíveis, muitas vezes filmes experimentais mesmo, realizados por câmeras de celular por exemplo, ou seja, uma ousadia que raramente assistimos em longas-metragens devido a esses riscos, entre eles o próprio risco financeiro.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho que na maioria das vezes sim. Depende muito do diretor. Existem diretores que se preparam para fazer um longa-metragem fazendo curtas, adquirindo experiência, acho que o curta tem também essa função, o que eu acho muito bom, e não só para o diretor, mas também para todos os profissionais envolvidos. Existem também diretores  que usam os curtas como experimento para saber se esses filmes tem potencial para se tornarem longas no futuro. Acho também que existem os diretores só de curtas e aqueles que se aventuram diretamente na direção de um longa logo de cara. Mas penso que na maioria das vezes sim, acho que é um desejo da maioria dos diretores.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Eu não tenho a receita, mas penso que é não parar de fazer nunca! Deixar as ideias fluírem e colocá-las em prática sempre, com dinheiro ou sem dinheiro, usando sempre a criatividade, aquele famoso jeitinho brasileiro, que é o que nós temos de melhor. Fazer, fazer e não desistir. Aproveitar o momento de crescimento, de evolução do cinema nacional, colocar os pensamentos em prática e seguir adiante.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso sim, mas com certeza até lá, ainda tenho que aprender um bocado...