sábado, 25 de julho de 2015

Ben-Hur Prado


Ator e produtor. Atuou no curta-metragem “"Modernice".

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Entre trabalhos amadores e profissionais, lá se vão mais de trinta anos. Dediquei minha vida para o teatro, produzindo e atuando ao longo desses anos, mas sempre muito mais direcionado ao teatro. Minha experiência em cinema, confesso, é bastante pequena, resumida a um curta que foi produzido aqui em Maringá, "Modernice" exibido pela RPC e um longa-metragem, “Momentos Roubados”, que está em fase de finalização.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Devo confessar que adorei fazer esses dois trabalhos, pois me possibilitou exercitar uma linguagem diferente do teatro. No cinema tem cortes, edições e muito recurso técnico, coisa que no teatro não tem, mas também não precisa.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
A falta de interesse da mídia se dá pela própria essência experimental da linguagem cinematográfica, ficando pontuada por festivais e mostras do gênero. O grande público procura sempre pelas grandes produções, de orçamentos grandiosos que alimentam o mercado comercial do setor. Já nos curtas, as produções privilegiam muito mais a linguagem e o experimento do fazer cinematográfico. Infelizmente vemos muito pouco este cinema sendo exibido, pois não desperta o interesse do grande público, situação análoga ao teatro em sua produção alternativa.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Se surgisse um super-herói disposto a implantar salas de exibição exclusivamente para curtas, certamente ele abriria falência. Essa é uma questão universal. Os curtas-metragens nunca tiveram o mesmo espaço que os longas, mas nem por isso perdem sua importância artística.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sem medo de errar, o curta é de fato um grande instrumento de elaboração profissional tanto pra atores, como pra diretores e editores, testando e aprimorando técnicas para criação de suas histórias. 

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Hoje vemos uma ferramenta importantíssima que vem funcionando como estímulo e novos horizontes para os curtas que é a internet. Ela propicia a visibilidade dessas produções de forma imediata e com baixo custo. Importantes trabalhos, especialmente aos voltados a comédia, tem visualizações fantásticas. Porta dos Fundos, animações, poesia e etc. são exemplos clássicos. Assistimos a um panorama promissor com o advento da internet, com amparo de lei própria para essas produções.

Argumentar que o curta é trampolim pro longa-metragem é bastante relativo, pois sabemos de inúmeros atores e diretores do "cinemão" que se aventuram também em curtas para seus experimentos pessoais.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Só há uma maneira de sair vitorioso na arte, seja no cinema, teatro, televisão... É trabalho. Fazer, fazer e fazer. Exercer o ofício de resistência, perpetuando ideias, sensações e pensamentos que servirão de legado histórico e artístico pra vida. É coisa séria e comprometida que exige muita dedicação e empenho dos profissionais da área.

Pensa em dirigir um curta?
Não me sinto capaz.