sábado, 25 de julho de 2015

José Wendell Araújo


Ator. Atuou nos curtas-metragens “O Bebê de Tarlatana Rosa” e “As Chagas de Jesus”.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Adoro cinema, portanto participar de curtas-metragens é uma forma de me aproximar das produções nacionais e também de criar experiência artística com o cinema. Acredito que todo ator iniciante deveria se envolver com a produção de curtas. Para mimi é uma escola para o cinema.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Eu moro no Rio de Janeiro, mas não sou carioca. Sou "paraíba" de Campina Grande e quando cheguei aqui no Rio comecei a estudar na Unirio, lá foi onde encontrei aquelas plaquinhas com anúncios de teste para curtas. Ao longo desses oito anos fiz cinco curtas, mas só tive acesso a dois: “O Bebê de Tarlatana Rosa”, com direção de Renato Jouvex e “As Chagas de Jesus”, produzido por alunos da Darci Ribeiro. Outro muito bom que fiz com alunos da Estácio, super produção em película, se chamava “O Outro”, mas esse segundo a produção roubaram os originais. E de fato todas essas experiências contribuíram e muito para meu trabalho de ator. Quando comecei a fazer participações na TV já me sentia mais seguro e parte daquele universo.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Concordo que falta espaço nos jornais e na mídia em geral para a divulgação dos curtas. A sensação que fica é que por serem produções menores, geralmente exercícios de final de curso, é uma arte menor. Mas não é menor, é curta (risos), e isso não invalida a qualidade. Existe uma enorme produção de curtas pelo Brasil afora, quase que clandestinamente muitos estudantes, atores, diretores e amantes da sétima arte produzem suas próprias histórias e realizam suas produções. Apesar da grande mídia não atentar para tanta criatividade e produção, sites como o Porta curtas da Petrobras; o próprio Canal Brasil exibem e valorizam tal empreendimento.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acredito que os municípios deveriam investir na criação e exibição de curtas em festivais, pequenos festivais. Aqui no Rio lembro que a Caixa cultural oferecia, não sei se ainda oferece, uma programação de curtas no horário do almoço. Isso eu achava genial, no centro do rio exibição de curtas no horário do almoço, incrível. Também o cine GLBT, que exibe além de longas, uma série de curtas com festa, DJ e cachaça de graça (risos). Ideias como essas valorizam o trabalho de quem produziu e finalizou um curta. Outra ideia bacana é a exibição de curtas nas escolas, a partir de temáticas que possam ser utilizadas para debates entre professor e aluno. Quando dei aula de teatro em Itaguaí (RJ), recebíamos da Petrobrás, DVDs com uma série de curtas com temas socioeducativos que faziam o maior sucesso entre os alunos. Acredito que iniciativas como essas seriam assertivas para retirar os curtas das prateleiras e incentivar cada vez mais a produção de boas ideias.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com certeza. Esse campo, como falei anteriormente é sem dúvida o campo para a experimentação tanto para atores, produtores e diretores. É de extrema importância o incentivo e subsídios que facilitem essas produções. O curta é a oficina para o cinema e praticamente um novo estilo, um estilo compacto de cinema que deve sim, circular. Sair das prateleiras.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Pode ser. Mas não necessariamente nessa ordem. Falo isso com olhar e experiência de ator. Acredito que para outros profissionais ligados a produção e montagem do filme pode ser diferente.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não acredito muito em receitas, a não ser de bula de remédio. Mas acredito que tudo corrobora para aqueles que acreditam. Se você quer fazer cinema como ator, deve sem dúvida se aproximar do mercado do cinema. A regra é paixão e coragem. Coragem para correr atrás. Infelizmente ainda é assim que se faz arte hoje no Brasil, correndo atrás, mesmo com algumas leis de incentivo. Para os atores, devemos cair nas graças de algum agente. Porque no Brasil o agente te escolhe, em lugares como EUA Europa os atores que contratam seus agentes.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim. Até já escrevi um roteiro. Pena que meu computador fez o favor de deletar(risos). Mas gosto de cenas curtas. Um curta para mim é quase como uma esquete. São pequenos fragmentos cheios de ideias. A síntese do curta é que me atrai por sua simplicidade. Onde o menos é mais.