sábado, 22 de agosto de 2015

Ivana Bentes


Professora. Atual secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do governo Dilma Rousseff.

Qual é a importância história do curta-metragem na filmografia nacional?
Eu acho que temos que tirar o curta-metragem do gueto no cinema, ele é fundamental, não como metragem, ele é um espaço de inteligência e experimentação. Não tenho a menor dúvida que ele faz parte da nossa historiografia. A questão da minutagem não é a característica mais importante do curta, o tempo é só uma divisão, mas independente, a questão é se faz diferença ou não. A metragem é arbitrária, nas novas mídias isso não faz diferença. O curta não é gênero, é uma circunstância.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
A mídia não dá espaço para ninguém, é um problema cultural. Não se fala de peças experimentais, de pessoas bacanas que estão na música. Mas hoje isso não faz a menor diferença (há um tempo atrás faria), as outras mídias suprem essa carência nas grandes mídias, as tradicionais. O curta encontrou um lugar de análise nas mídias digitais.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Eu acho que a solução não é a sala de cinema, o público não vai ao cinema. Tem que assistir em plataformas alternativas. O curta tem que demandar políticas de exibição nas novas redes.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sem dúvida. Hoje tem a possibilidade de uma pessoa que nunca fez cinema se expressar. É a produção da multidão, é o momento mais propicio de liberdade, de experimentar. Não precisa de escola para se formar. A liberdade é a base de tudo.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não, acho que não tem nada a ver. Eu nunca vi isso. O curta tem autonomia em si. O curta está se disseminando entre as pessoas. No cineasta mais padrão isso existe, o cineasta do mainstream fazem isso. Hoje, em termos quantitativos o curta supera o longa e mais para a frente passará o longa-metragem em termos qualitativos.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Olha, enfim, eu faço experiência de vídeo e imagens mais frequentes. Realizar isso está no horizonte pessoal de qualquer pessoa hoje. Dentro desse horizonte eu penso sim.