domingo, 4 de outubro de 2015

Heinz Limaverde


Ator e figurinista. Em 2001, atua em uma montagem de “O Pagador de Promessas” e, em 2006, Heinz cria uma interpretação marcante em uma encenação de “Sonho de uma Noite de Verão”. Por seu trabalho na peça, recebe o Prêmio Braskem de Melhor Ator. No cinema atua em “Ainda Orangotangos”.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Sou um ator que desejo aprender sempre. E por ser um profissional autodidata, vejo em todos os convites de trabalho uma bela oportunidade para adquirir novas experiências e delas tirar algum proveito para uso em minha profissão. E todas as vezes que participei de um projeto em curta-metragem sempre aprendi e me diverti muito.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Tive o privilégio de estrear em curta-metragem participando em um projeto fantástico. Fui convidado em 1999 para participar de um plano-sequência chamado "Outros", com direção de Gustavo Spolidoro. Pra mim um momento de muito aprendizado, pois tudo era muito novo, a linguagem, os termos técnicos, o ambiente. Depois deste trabalho fui sendo convidado para novos curtas, sempre desafios que me deixavam muito empolgado. Outro trabalho que foi muito importante no meu aprendizado em cinema, foi o curta "À domicilio", com direção de Nelson Diniz, , que contou com um elenco formado de amigos, onde nos divertimos criando os tipos e ensaiando as cenas. O resultado é bem divertido. E outro momento muito legal, foi quando fui convidado por uma turma de garotos que estavam terminando o curso de cinema, e o resultado ficou muito bom. O curta se chama "Quarto de Espera", com direção de Bruno Carboni e Davi Pretto, hoje esses a frente da Tokyo Filmes. Me orgulho de participar destes projetos que além de me proporcionar realização profissional, me deixa em contato direto com um coletivo de profissionais criativos e que trocamos muito.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Eu não saberia responder porque. Assim como não sei por que falta espaço na mídia em geral para o teatro, para a música de boa qualidade, para literatura que não seja tão comercial. A grande mídia, no meu ponto de vista, não tem ajudado muito a quem não paga caro pela atenção dela. Sei que a mídia é importante para divulgação de qualquer trabalho, mas sei também que tipo de mídia valoriza o tipo de trabalho que faço. Talvez os curtas não tenham espaço nessa grande mídia que faz mais dinheiro do que divulga arte, mas tenham um espaço garantido em uma mídia mais direcionada a quem realmente quer saber sobre a arte menos industrial. 

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Eu penso que realizando mais projetos, festivais, promoções, que essas produções em curta-metragem pudessem circular por regiões diferentes das que foram produzidas. Levar os curtas ao encontro de alunos em escolas e cursos de arte em geral. Sei que não são ideias nada inovadoras, mas acredito que só chamando atenção dessa nova geração que ainda está nas escolas e tendo os primeiros contatos com essa arte, é que teríamos a possibilidade de criar um novo público. E com o crescimento desse público certamente apareceriam mais espaços dedicados a essas produções.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Na maioria das vezes acredito que sim. Pelo menos nas minhas primeiras experiências em curta sempre observei essa busca pelo novo , os profissionais ligados ao projeto aberto a descobertas. E talvez seja nessa experimentação que esteja o prazer que encontramos em realizar um projeto em curta-metragem.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho que no curta-metragem você pode experimentar, para quem sabe no momento em que aprece um trabalho em longa você possa encarar com mais maturidade e mais propriedade.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
(Risos). Desculpa, mas sou o tipo de profissional menos indicado para dar essa receita. Pois acho que é um desfio imenso descobrir, experimentar e ter certeza que essa é a receita certa. Não sou chegado a receitas. Sou um profissional que talvez não busca receitas, mas vai experimentando, experimentando, e quem sabe... Encontra uma forma prazerosa de realizar arte.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Nunca me passou pela cabeça, assim como muita coisa que ando realizando.