sábado, 28 de novembro de 2015

Acauã Sol


Ator. Integrante do elenco do Teatro Oficina, participando das montagens de "O Banquete" e da segunda parte da tetralogia sobre a atriz Cacilda Becker escrita pelo diretor José Celso Martinez Corrêa, "Cacilda!! Uma Estrela Brasileira a Vagar", entre outras.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem.
Principalmente um bom roteiro, a possibilidade de experimentar, e a chance de conhecer quem serão os futuros profissionais da área de cinema. 

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
O legal dos curtas-metragens é que cada produção é bem diferente da outra. Por estarem começando, ou por já terem um estilo próprio, cada curta-metragista leva a produção de um jeito.  Muitas vezes por conta de orçamentos pequenos, ou praticamente nulos, é necessário ser muito criativo na produção, o que gera um frescor, e uma busca coletiva por soluções, o que é muito interessante. 

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral? 
É uma boa pergunta, não sei se tenho tanto conhecimento da indústria cinematográfica para responder, mas arrisco dizer que é uma questão cultural. Não se tem a cultura do curta-metragem no Brasil, na verdade não se dá valor a Cultura no Brasil em geral, e o curta-metragem sofre mais por estar na base da cadeia, mas esse descaso acontece com todas as artes em maior ou menor grau (eu venho do teatro). A produção de curtas-metragens, no seu geral, é um espaço de gente jovem começando, para experimentação. O que hoje a grande mídia se interessa em vender é celebridade, em formatos pop bem definidos e vendáveis. O interesse da grande mídia, e da sociedade em geral, não é por bem cultural, por obra de arte, mas pela cultura de celebridades, pela cultura de massa da TV. E esse é quase sempre o caminho oposto das produções de curta-metragem. Uma coisa não conversa com a outra.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público? 
O curta-metragem é um formato tão maravilhoso que ele pode ter a duração de um comercial, ou de um programa de televisão. Deveria existir uma lei que obrigasse as emissoras a darem uma porcentagem dos minutos que elas vendem pra publicidade, para exibição de obras curtas de audiovisual, de preferência brasileiro. Talvez até o caso do ministério da cultura subsidiar o custo desses minutos nas grandes emissoras, e escolher o conteúdo através de edital. Ideia que me surgiu agora. Algo parecido deveria acontecer em todas as redes de salas de cinema, ser obrigado a passar um determinado tempo de curta-metragem antes da exibição do longa.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação? 

Sem duvida nenhuma. Tem que ser. 
Se um curta simplesmente reproduzir todas as técnicas, formas e formatos das grandes produções ele perde a chance de fazer diferente, o que num curta, a meu ver, é essencial.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho que o trampolim pra fazer qualquer coisa é sempre estar fazendo coisas, estar em movimento, fazendo de preferencia coisas diferentes. Nunca acreditei que tenha UMA coisa que vá me impulsionar pra onde quero, acredito que buscar estar sempre em movimento é a saída. Mas não há duvida que cada trabalho bem feito é um trampolim pro próximo.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Provavelmente não existe né? Mas se existe... eu não tenho como dar a receita de um prato que ainda não preparei. Mas já estou tentando descobrir os ingredientes!

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso bastante nisso, porque me interesso muito por varias áreas do set. Já sou fotógrafo por hobby, gosto da direção, quero aprender a montar, mas tenho muito pra fazer e experimentar na atuação ainda, ainda vou ficar só nela por um tempo. Portanto, podem me chamar, estou aceitando convites para filmes! (risos).