sábado, 28 de novembro de 2015

Pedro Gracindo


Ator. Atuou na série "Clandestinos - O sonho não acabou", na TV Globo. 

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem.
Acho que o ator, independente de qualquer plataforma, vive em busca de bons personagens, boas histórias, e meios para experimentar o seu trabalho. Como estou sempre envolvido e tomado pelo teatro, deixo de fazer muitos trabalhos por conta do tempo. O curta-metragem, me permite ir e voltar. Experimentar novas linguagens, trabalhar com novos diretores, e sempre aprender com o novo. É parecido com o teatro, no sentido de ser muito artesanal, muitas vezes quase que familiar e amador no sentido literal da palavra. Por isso me sinto em casa. 

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Tenho muito sorte nos trabalhos em que me envolvo. Quando aceitei fazer meu primeiro curta-metragem como ator ("Mar Exílio" de Eduardo Morotó,  aceitei porque o roteiro que recebi me encantou. Não conhecia o Morotó, era o primeiro trabalho dele, e não sabia onde estava pisando. Ali aconteceu um trabalho lindo. Cinema de verdade, onde as coisas se transformam, e um tempo dilatado de criação e mergulho naquela história. Foi uma experiência muito forte. O Morotó me chamou pra fazer a trilha, também. Daí nasceu uma parceria, que tenho muito orgulho. Depois desse, foram mais três curtas com ele, em que compus a trilha sonora original, e mais um como ator ("Todos esses dias em que sou estrangeiro").  Esses trabalhos são extremamente autorais, e me levaram para outros trabalhos em curta-metragem, e para outros trabalhos com trilha sonora. Daí percebi como esse mercado era um espaço fantástico para mostrar meu trabalho, sem concessões. 

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que a vida do cinema no Brasil nunca foi fácil. Hoje não é diferente. É romântico fazer cinema.Cinema independente então....   Os curtas não têm espaço, assim como o teatro não tem, e a música instrumental também não. Só tem espaço o que é produto, feito pra vender. E eles vendem o que lhes convém. Basta ver as  matérias na capa dos principais jornais do país,  distorcendo tudo o que acontece. O problema não é dos curtas-metragens. 

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Na utopia seria fantástico a TV aberta, por exemplo, dando espaço para curtas-metragens. Mas dentro da realidade eu vejo o curta muito inserido hoje na internet. Hoje é muito mais fácil teu trabalho ser visto. Tem curtas que tem mais de um milhão de visitas no Youtube! É uma bela bilheteria.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
A maioria dos curtas que vejo, são muito autorais e experimentais. O compromisso com o resultado do trabalho não é com um patrocinador, nem com nenhum fim comercial. É o lugar onde ainda se pode, e deve, se arriscar.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acaba que o curta circula pelos festivais, e ali surge uma vitrine para o trabalho dos curta-metragistas.  Nunca fiz um curta pensando em um longa.  Mas as pessoas que fazem cinema acabam conhecendo teu trabalho ali.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Essa é uma pergunta difícil. Tem só um princípio básico que eu acredito. Trabalhar. Tem muita gente boa por aí.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Por enquanto gosto do espaço que estou. Tenho a sorte de trabalhar com diretores que admiro, e sempre cercado de muita gente boa no que faz. Eu gosto muito de fazer parte.