sábado, 28 de novembro de 2015

Rafael Pucca


Ator, produtor, apresentador e diretor. Atua e dirige curtas-metragens como “Abstinência” e “Aviãozinho”, ambos produzidos na Reticom Filmes. Em 2011, volta a atuar nos curtas "Noite Infeliz", "O Mal que Habita" e "Estocolmo". Atualmente, é produtor e apresentador da TV Guia do Ator.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem.
Gosto de fazer curtas para exercitar o ofício, me desafiar a fazer personagens diferentes e que me identifico, trabalhar com pessoas diferentes.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Tive poucas experiências com curtas, mas bem bacanas. No curta "Noite feliz", interpretei um "garanhão", já em "O Mal que habita", minha pequena participação foi como um zumbi que era assassinado. No último, "Estocolmo", foi como um policial infiltrado em uma quadrilha de sequestradores e que acabava se envolvendo com a refém. Essa versatilidade e rapidez de transitar entre personagens me atrai muito.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que essa falta de espaço é sentida por diversos setores das artes cênicas. No teatro, também reclamamos da falta de espaço e oportunidade para novas produções, textos, atores e diretores, apesar de ser um caminho menos tortuoso. Suponho então, que o curta-metragem é visto pela maior parte da mídia como um veículo de experimentação artística, uma fase de transição até longas-metragens, uma imagem que pode ser mudada pelos cineastas, pelos grandes estúdios, para que o público e a crítica tenham maior interesse em divulgar essas obras. Um outro fator bastante relevante, é o desconhecimento do grande público com relação a esses filmes.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Curtas poderiam ser exibidos antes de filmes, depois dos trailers, anunciados junto com o filme em cartaz. Poderiam ser usados em escolas, em programas de educação, em empresas, como treinamento, mais festivais e com maior divulgação, participação de atores e diretores conhecidos do grande público, pelo menos em um primeiro momento. Acho que seria um começo razoável.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Depende da comunicação, principalmente entre atores e diretores. Não adianta um ator querer experimentar se o diretor não o permite, e o mesmo acontece quando o diretor quer tentar algo novo e o ator não é disponível. Acredito que na maioria das vezes, a harmonia prevalece, mas ainda precisamos de mais diretores de atores, que saibam falar com o ator. As escolas precisam dar mais atenção a esse quesito. Entre os outros profissionais, o primordial é que falem a mesma linguagem, para que possam experimentar juntos.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa? 
Pode ser. Acho que depende mais da dedicação e persistência do ator do que do curta em si. O mercado está cheio de atores que fazem muitos curtas com a intenção de chegar a um longa, mas como você vai fazer um bom trabalho no curta se só pensa no longa que ainda nem chegou?

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sei se existe receita. Acho que como tudo na vida, precisa de dedicação, disciplina e persistência. No Brasil, as coisas são mais difíceis, mas não impossíveis. Com uma boa formação, estando sempre em contato com profissionais do meio, apostando em roteiros autorais e estando sempre por dentro de editais, festivais e afins. É um desafio.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Bastante. Tenho alguns argumentos para serem roteirizados, vamos ver.