sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Os Trapalhões: Doc Comparato


Doc Comparato
Roteirista


Em 1982, você escreveu, em parceria com Aguinaldo Silva, a primeira minissérie exibida pela TV Globo, a premiada Lampião e Maria Bonita. Esse projeto rendeu inúmeros elogios da crítica especializada (ganhando prêmios como o da Associação Paulista de Críticos de Arte e a medalha de ouro no Festival Internacional de Nova York) e foi um sucesso de público. Esse trabalho rendeu o convite para trabalhar pela primeira vez com Os Trapalhões. Como foi repensar a história de Lampião e Maria Bonita para Os Trapalhões no cinema?
Sem problemas. Escrevo e tenho publicados livros infantis como Nadistas e Tudistas e A Íncrível Viagem. Estou acostumado a escrever para crianças e adolescentes. Já ganhei até o prêmio Zilka Salaberry de teatro infantil. Então, não tive problemas em adaptar a história de Lampião para crianças.

Antes de iniciar essa parceria profissional com Os Trapalhões, você já acompanhava os seus filmes?
Sim.

Que tipo de cautela você teve para que o filme não virasse um repeteco da minissérie?
Respeitando o público. Criança não é sinônimo de idiota. O filme ganhou o festival para filmes infantis e adolescentes em Tomar, Portugal. E foi exibido na Europa.

Em O Cangaceiro Trapalhão, vocês contaram com um time repleto de estrelas. Tânia Alves e Nelson Xavier repetem o casal de protagonistas da minissérie, mas o filme conta também com Regina Duarte, Tarcísio Meira, Bruna Lombardi, José Dumont e Cininha de Paula. Como é trabalhar em uma produção com tanta estrela? O roteiro ganha o quê com a escalação dessas estrelas?
O filme cresce, quando tem uma boa escalação.

Nesse filme você faz uma rápida aparição como ator. Como foi isso para você?
Uma inesquecível experiência. Descobri que a minha verdadeira vocação é ser ator. Mas, afinal, o roteirista vive todos os papéis.

Quais as suas maiores recordações desse filme?
A rodagem. Tudo foi muito agradável. Saudades.

Como foi a sua relação com o quarteto?
Muito boa. Almoçava no trailer dos Trapalhões. Fui tratado com enorme carinho.

Quais os maiores desafios, quando se escreve um roteiro voltado para o público infantil?
Respeitar a inteligência e a percepção infantis.

1983 marcou a ruptura dos Trapalhões. De um lado ficou Renato Aragão, que filmou O Trapalhão na Arca de Noé; e de outro, na DeMuZa, ficaram Dedé, Mussum e Zacarias, que filmaram Atrapalhando a Suate. Você voltou a trabalhar com Renato Aragão. Como e em que circunstância recebeu o convite para roteirizar O Trapalhão na Arca de Noé?
Foi o resultado do primeiro filme.

É verdade que Renato Aragão queria fazer o melhor filme da sua carreira em O Trapalhão na Arca de Noé, para mostrar ao Dedé, Mussum e Zacarias que poderia ter uma trajetória sem os três?
Não estou ciente disso.

O Trapalhão na Arca de Noé foi um dos maiores desafios da sua trajetória profissional, tendo em conta que tinha que pensar em um filme sem os outros três Trapalhões?
Não, já que um filme pode ter um protagonista ou vários.

Quais as suas principais recordações dos bastidores de filmagem desse filme?
Excelentes. O clima da filmagem foi muito tranquilo.

Qual a importância destes trabalhos com Os Trapalhões na sua trajetória profissional?
Cada trabalho soma uma nova experiência. Cada desafio, um aprendizado.

Quem era o maior comediante do grupo?
Como toda trupe circense, eles faziam “escada” para o Renato e também entre eles.

Renato Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Não me consta. É normal que dê uma olhadinha.

Por que os filmes dos Trapalhões conseguiram cativar tantas gerações?
O sucesso é um mistério.

Por que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados pelos Trapalhões?
Não me consta. O Cangaceiro Trapalhão recebeu até prêmios no exterior.